Kampala, Uganda - Uma nota em primeira página de um jornal apresentou uma lista com 100 "top" homossexuais de Uganda. A lista trazia fotos, nomes e endereços. Isso foi o bastante para que uma nova "caça as bruxas" tivesse início.
Desde o dia em que a nota foi publicada, pelo menos quatro gays que constavam na lista, foram atacados e muitos outros estão na clandestinidade, segundo a ativista Julian Onziema. Uma pessoa chegou a atirar pedras em sua casa.
Um legislador desse conservador país Africano, apresentou um ano atrás um projeto de lei que previa pena de morte para alguns atos homossexuais e prisão perpétua para outros aqui. Um alvoroço internacional se seguiu, e o projeto foi silenciosamente arquivado. No entanto, os gays de Uganda dizem ter enfrentado um ano de forte assédio e ataques desde a introdução do projeto.
A legislação foi elaborada após a visita de líderes da "U.S. conservative Christian ministries", que dizem promover uma terapia para que gays se tornem heterossexuais.
"Antes da introdução do projeto de lei no Parlamento, a maioria das pessoas não se mentiam em nossas atividades. Mas, desde então, temos sido assediados por muitas pessoas que odeiam a homossexualidade", disse Patrick Ndede de 27 anos. "A publicidade do projeto chamou a atenção sobre nós e eles começaram a nos maltratar."
Mais de 20 homossexuais foram agredidos no ano passado, em Uganda, e mais 17 foram presos, disse Frank Mugisha, presidente do grupo "Sexual Minorities Uganda". Esses números estão acima do mesmo período de dois anos atrás, quando cerca de 10 homossexuais foram atacados, acrescentou.
O projeto tornou-se politicamente danoso após a condenação internacional. Muitos ativistas gays denunciaram, e o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, assinalou aos legisladores que não deveriam levar o projeto adiante.
A homofobia é abundante em muitos países Africanos. A homossexualidade é punida com a morte ou a prisão, na Nigéria. Na África do Sul, o único país Africano a reconhecer o casamento gay, gangues realizam os chamados estupros "corretivos" de lésbicas.
Em 9 de outubro, o artigo de um jornal ugandense chamado "Rolling Stone", não confundir com a famosa revista norte americana, foi publicado cinco dias antes do aniversário de um ano da controversa legislação. O artigo afirmava que uma doença desconhecida, mas mortal, estava atacando homossexuais em Uganda, e que gays estariam recrutando 1 milhão de crianças nas escolas.
Depois de o jornal chegar as ruas, o governo ordenou que o jornal cessasse a publicação, não por causa do conteúdo, mas sim por que o jornal não tinha registro com o governo. Após completar a papelada, o Rolling Stone vai ficar livre para ser publicado novamente ", disse Paul Mukasa, secretário do Conselho de Comunicação Social.
Esta decisão irritou ainda mais a comunidade gay. Onziema disse que uma ação judicial contra o jornal Rolling Stone está em andamento, mas ela acredita que a publicação vá apresentar o seu registro e voltar a publicar novamente.
"Esse tipo de mídia não deveria ser permitido em Uganda. É pura incitação a violência e fomenta o genocídio de minorias sexuais", disse Mugisha. "Os agentes da lei e do governo deveriam proteger as minorias sexuais de tais publicações."
O editor-chefe do jornal, Giles Muhame, disse que o artigo era "de interesse público." "Nós sentimos que a sociedade precisava saber que tais personagens existem entre eles. Alguns deles recrutam jovens e crianças para a homossexualidade, o que é ruim e precisa ser exposto", disse ele. "Eles se aproveitam da pobreza para recrutar ugandenses. Nós o fizemos porque a homossexualidade é ilegal, inaceitável e um insultos ao nosso estilo de vida tradicional."
Os membros da comunidade gay expostos no artigo enfrentaram o assédio de amigos e vizinhos. Onziema disse que o projeto de lei já levou a desocupação de apartamentos, a intimidação na rua, prisões ilegais e agressões físicas.
"Nós somos uma espécie em extinção no nosso país", disse Nelly Kabali 31anos. "Estão nos olhando como se fôssemos marginais. Uma vez eu estava em uma boate com um amigo quando alguém que me conhecia me apontou para gritar: " Há um gay! " As pessoas queriam me bater, mas fui salvo por um segurança que me levou para fora."
Uganda tem cerca de 32 milhões de habitantes, onde cerca de 85 por cento são cristãs e 12 por cento são muçulmanos. Uganda ocupava em 2005 a 144º posição no IDH(Índice de desenvolvimento humano), que tem 177 posições. População subnutrida: 15%, esperança de vida ao nascer: 50,5 anos, domicílios com acesso a água potável: 64%, domicílios com acesso a rede sanitária: 33% e índice de analfabetismo de 27% dos habitantes com idade superior a 15 anos.
Não é muito difícil, analisando esses números, identificar do porquê de Uganda ser um país tão homofóbico.
estamos todos na mesma pirâmide de escravidão: alguns mais abaixo, alguns mais acima, mas todos sofremos com essa repressão sem sentida em vários aspectos do comportamento humano. quer começar a resolver a situação? simplesmente nào vote. nem compareça no dia. esse deveria ser o nosso protesto. é menos de 4 reais pra justificar, e apenas quando vc necessitar de algo do Estado inútil.
ResponderExcluirNão vote nem justifique, essa merda denominada "eleições" não deveria sequer existir, já que os políticos simplesmente tratam o eleitor - e o contribuinte - como palhaços. E, pelo visto, isso não ocorre só por aqui, em outros países também. Dá para se usar do humor e criar uma analogia irônica: "O Brasil é um grande circo onde os parlamentares são os apresentadores e nós, eleitores e contribuintes, as grandes atrações. E vivam os palhaços!"
ExcluirSendo essa notícia de onde é, em absolutamente nada me surpreende. Um país miserável, governado desde sempre por ditadores escravocatas, onde impera a subserviência emocional, moral e cultural. Esperar o quê de um povo que não pensa? África é um continente onde impera o holocausto da cultura e da liberdade, onde se observa a escrota opressão de mentes parvas e degeneradas sobre criaturas que desaprenderam, ao longo do tempo, a existir.
ResponderExcluirMahone e Edna, adoraria poder discordar de vcs, mas infelizmente essa é a relidade africana mesmo, uma pena.
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