Ganymede by LordOrlando |
Por: Julio Marinho
O homem tinha tudo para dar certo, mas...
O homem tinha tudo para dar certo, mas...
Lá, bem no comecinho da humanidade, o homem mais parecia uma criança que inicia a sua vida escolar e começa a adquirir um patrimônio de habilidades e conhecimentos. Se comparado com os outros de sua espécie, o homem evoluiu rapidamente, mas, o tempo foi passando, passando e... não se sabe como, quando, nem porque, ele decidiu que deveria tentar controlar algo que, até então o dominava: o seu desejo sexual - vulgarmente chamado de tesão. Não que este lhe causasse prejuízos ou o incomodasse, não, o que o incomodava na verdade, é que ele não conseguia controlá-lo, pelo contrário, era controlado por ele, e todos sabemos que o homem, por natureza, é controlador e orgulhoso demais para se deixar controlar. Nós temos esse vício de dominar e domesticar tudo. Nunca conseguimos viver de forma integrada à natureza. Nossa relação sempre foi de poder, poder e poder. É como se fossemos criados com esse único intuito. O problema nesse caso é que, o homem não sabia exatamente como iria controlar o desejo sexual, o seu, e, principalmente, o alheio. E ele podia até não saber como, mas sabia que iria tentar. Começava ali uma guerra que dura até hoje: Homem versus Tesão.
No esforço de domesticar o tesão, o homem desenvolveu vários métodos e muitas "soluções" estranhas e excêntricas, incluindo ai as religiões que, aparentemente, foram criadas com esse único objetivo, afinal de contas, não foram elas que lançaram a culpa diante de tais desejos, transformando o tesão e o prazer em pecados? O problema é que a fé nunca conseguiu anular o desejo pelo sexo, ou seja, não é porque o sujeito tem fé que ele não sente tesão e vice-versa. No final das contas, o tal do celibato criado pela igreja católica não passa de eufemismo, uma tentativa tosca de se envernizar e perfumar algo que, no fundo, podemos chamar de tortura mesmo.
Enfim, milhares de anos já se passaram e essa guerra dura até hoje, mesmo mostrando-se árdua e inglória, mesmo depois do homem ter pensado, filosofado, criado leis, países, regras e mais regras, desenvolvido uma tecnologia avançada, ido à lua, quase explodido o planeta etc., ainda assim ele continua na sua luta para dominar tudo ao seu redor, principalmente o tesão, mas este ele nunca conseguiu dominar inteiramente, na verdade nunca chegou nem perto disso. Pode-se orar, meditar, prender, castigar, enfeitiçar, dopar, mutilar os corpos, não adianta. No final o tesão sempre vence. Durante todo esse tempo, a maior derrota humana reside nessa batalha, que já nasceu perdida, mesmo que o homem não tenha ainda se dado conta disso. A miséria humana sempre foi esse vício e ofício de tentar dominar, principalmente aquilo que não conhece.
O que o homem, tolo que é, nunca conseguiu entender, é que o tesão não obedece regras, jamais. Nem tão pouco segue padrões, ou etiquetas de comportamento, ele simplesmente não se enquadra, não se encaixa. O tesão é desobediente e transgressor por natureza. O tesão é o que move, o que cria, muda e molda. O tesão não tem forma, não tem cheiro, não tem gosto. Ao mesmo tempo ele pode assumir todas as formas, todos os cheiros e sabores, todas os sentidos e todas as cores. Afinal de contas, o tesão nem precisa fazer sentido, né?
Excelente artigo. A verdade que a maioria se recusa a enxergar.
ResponderExcluirLindo texto, Julio Marinho!!! E uma delícia! você sabe como gosto desse tema. As pessoas procuram o poder, na esperança vã de que, com o poder ou mais poder ainda, sejam felizes. E, a felicidade, contrária, está justamente no tesão vencedor , o mais poderoso de todos e o mais disfarçado e negado.
ResponderExcluirUma pena!!!
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Muito interessante o ponto de vista.
ResponderExcluirAmei, concordo plenamente.
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