Igreja Católica britânica reconhece que casais do mesmo sexo podem ser bons pais

A capacidade da igreja católica em mudar seu discurso sobre a homossexualidade, com base no ambiente homofóbico que atua, é surpreendentemente. Se na Índia, para citar um exemplo conhecido, a ICAR se opõe à descriminalização da homossexualidade, no Reino Unido, onde casais do mesmo sexo já podem se unir civilmente e adotar, a instituição faz o possível para impedir a aprovação do casamento igualitário. Entretanto, a mesma igreja agora diz reconhecer que casais homossexuais podem ser bons pais.

A declaração faz parte de um documento preparado pela própria Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales e que foi enviado a parlamentares britânicos. O documento reitera a oposição da igreja ao casamento igualitário e pede para que os parlamentares votem contra a iniciativa. "Nós reconhecemos que muitos casais do mesmo sexo criam seus filhos em casas cheias de amor e carinho. No entanto, o casamento é uma identidade que, em sua essência, é diferente de qualquer outro relacionamento legalmente reconhecido, não importa o quanto de amor e compromisso possa existir nessas relações.", diz o texto.

Também é de se estranhar que o documento faça referência à lei das uniões civis vigente, já que na época, a igreja católica se opôs ferozmente (e ainda se opõe em muitos outros países). "A igreja católica não aprova as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, mas condena a discriminação com base na orientação sexual. Gostaríamos de observar que os casais do mesmo sexo já usufruem de direitos legais efetivamente equivalentes aos dos casais heterossexuais no âmbito da Parceria Civil Act 2004. Uma união civil concede aos casais do mesmo sexo, essencialmente, os mesmos benefícios e direitos equivalentes aos dos casais heterossexuais. Consequentemente, a alteração proposta não é necessária para dar as relações do mesmo sexo mais reconhecimento e proteção. Nossa oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo não é baseada em discriminação ou preconceito, se baseia em um esforço positivo para garantir que os valores sociais únicos que valorizam o matrimônio, permaneçam sendo fornecidos por esta instituição no futuro."

Estes argumentos não passam de "relativismo moral" e casuísmo por parte da igreja. É no mínimo muita falta de escrúpulo recorrer à falácias, lobbys e advogados, em alguns países, para negar o reconhecimento de direitos civis, ou até mesmo a descriminalização da homossexualidade, e reconhecer, em outros, que casais do mesmo sexo possam, de fato, ser bons pais.