(Traduzido por: Oswaldo Braga)
CHICAGO (AP) – À medida que o tempo passa, a vida realmente vai melhorando para os adolescentes homossexuais e bissexuais quando se trata de bullying homofóbico, embora a situação esteja pior para os jovens gays do que para as lésbicas, de acordo com as primeiras evidências científicas de longo prazo sobre como o problema muda ao longo do tempo.
O estudo de sete anos envolveu mais de 4.000 adolescentes na Inglaterra que foram questionados anualmente até 2010, até completarem 19 e 20 anos de idade. No início, pouco mais de metade dos 187 adolescentes gays, lésbicas e bissexuais disseram ter sofrido bullying; em 2010, isso havia caído para 9% entre os rapazes gays e bissexuais e 6% entre as meninas lésbicas e bissexuais.
Os pesquisadores disseram que os mesmos resultados provavelmente seriam encontrados nos Estados Unidos.
Em ambos os países, uma "mudança radical" na aceitação cultural de gays e a crescente intolerância ao bullying ocorreu durante os anos do estudo, o que explica em parte os resultados, disse o co-autor do estudo Ian Rivers, um psicólogo e professor de desenvolvimento humano na Universidade de Brunel, em Londres.
Isso inclui uma portaria do governo britânico orientando para que as escolas trabalhem para prevenir o bullying; e as mudanças nos Estados Unidos que permitem o casamento homossexual em diversos estados.
Em 2010, o colunista Dan Savage lançou o projeto de vídeo "It Gets Better" para encorajar os adolescentes gays vítimas de bullying. A campanha incluia uma ampla divulgação dos suicídios de gays jovens, além de vídeo depoimentos de políticos e celebridades.
"Bullying tende a diminuir com a idade, independentemente de orientação sexual ou gênero, e o estudo confirma isso”, disse o co-autor Joseph Robinson, pesquisador e professor assistente de psicologia educacional na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. "Em termos absolutos, isso sugeriria que sim, ‘it gets better’."
O estudo foi publicado e estará disponível online na revista Pediatrics.
Eliza Byard, diretor executivo da Rede de Educação Gay, Lesbian & Straight, disse que os resultados da pesquisa refletem aquilo que seu grupo de defesa anti-bullying já conhece: o bullying é mais comum nas escolas de ensino médio dos Estados Unidos do que nas universidades.
Mas os pesquisadores disseram que seus resultados mostram que a situação possui grandes nuances entre os jovens homossexuais.
Nos primeiros anos do estudo, os meninos e meninas gays tinham quase duas vezes mais chances de sofrerem bullying do que seus colegas heterossexuais. No ano passado, os níveis de bullying cairam para aproximadamente o mesmo nível entre as lésbicas e meninas hétero. Mas a diferença entre os homens ficou pior na faixa de 19 e 20 anos, com os jovens gays quase quatro vezes mais propensos a sofrerem bullying do que seus colegas heterossexuais.
Isso pode refletir o fato de que a masculinidade em meninas e mulheres é culturalmente mais aceitável do que a feminilidade em meninos e homens, disse Robinson.
Savage, que não esteve envolvido no estudo, concordou.
"Muito da repulsa que as pessoas sentem quando se revela a homossexualidade gira em torno de sexualidade masculina gay", disse Savage. "Existe uma zona de conforto" em torno das mulheres lésbicas, disse ele.
Kendall Johnson, 21, um diretor de teatro da Universidade de Illinois, disse que sofreu bullying por ser gay na escola, principalmente quando apareceu com seus namorados nos bailes da escola ou jogos de futebol.
"Um ano no baile, um cara nos chamou de nojentos e disse que não queria nos ver dançando mais ", disse Johnson. Um jogador de futebol e presidente do clube de teatro interveio a nosso favor, lembrou.
Johnson não sofreu bullying na faculdade, mas ele disse que é em parte porque ele sai com a turma do teatro e evita o ambiente das fraternidades. Ainda assim, ele concordou, que as coisas vão ficando melhores para os gays à medida que amadurecem.
"À medida que você envelhece, você aceita mais a si mesmo", disse Johnson.
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