Uganda: Pastores fazem pressão para que lei anti-gay seja aprovada

Principais igrejas e pregadores evangélicos, incluindo um britânico, pediram, em suas mensagens de Ano Novo, urgência aos deputados do país na aprovação da lei anti-homossexualidade, e disseram que eles correm risco de perder seus assentos, caso a lei não seja aprovada. A votação deve ocorrer em fevereiro

A lei anti-homossexualidade deveria ter sido votada antes do Natal, mas foi adiada. Além de criminalizar a homossexualidade, a legislação prevê até a pena de morte para "criminosos" reincidentes.

O principal jornal de Uganda, o Daily Monitor, relatou que a pregação, realizada em igrejas e estádios, era "para evitar o recrutamento de jovens" e com isso a "adoção" de um "comportamento homossexual". O jornal noticiou que "dezenas de milhares" (embora a capacidade técnica do estádio seja de 15.000) compareceram ao "Nakivubo Stadium", em Kampala, capital de Uganda, para um dia de oração.

Os pregadores mandaram uma mensagem clara aos políticos, que se curvaram à pressão internacional para deixar de lado o projeto de lei: ou eles votam e aprovam a medida, ou perderão seus mandatos.

O bispo David Kiganda, fundador e presidente da "Christianity Focus Ministries", teria dito aos deputados: "Nós pedimos aos membros do Parlamento (MPs) para parar de perder tempo a debater e aprovar logo o projeto de lei, para salvar as crianças, que estão em risco de serem recrutadas."

O Daily Monitor também cita um pastor do Reino Unido, o reverendo Paul Schinners, que reforçou o pedido: "Não há no mundo outra nação que tenha tal plano e, através deste, Uganda será abençoada."

Já em um estádio maior, o "Mandela National Stadium", em Namboole, o líder da "Born Again Federation of Uganda", Dr. Joseph Sserwadda, teria dito que a legislação anti-gay é urgente e deve ser prioridade na agenda parlamentar em 2013.

Apesar de não me surpreender mais, confesso que ainda fico assustado quando leio tais notícias. É impressionante que pessoas, que se dizem defensores de valores "cristãos" e da família, venham a público, sem o menor constrangimento, incitar o ódio contra pessoas que só buscam a liberdade de poder viver de forma plena sua sexualidade e seu afeto. Ou será que os tais "valores cristãos" se resumem a isso?