A Associação Psiquiátrica Americana irá retirar a transexualidade do seu rol de doenças mentais


A Associação Psiquiátrica Americana (APA) chegou, finalmente, a conclusão de que não deve mais classificar as pessoas que são transexuais como tendo uma doença mental.

As revisões do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM), talvez o "catálogo" de doença mental mais importante do mundo, junto com a Classificação Internacional de Doenças (CID), deixará de classificar a transexualidade como "transtorno de identidade de gênero" e substituirá por "disforia de gênero". Uma decisão semelhante à desclassificação da homossexualidade como uma doença mental nos EUA em 1973.

Até então o "transtorno" era usado para rotular transexuais e como a base dos argumentos contra os direitos das pessoas trans.

A nova edição do Manual (5º) passará a diagnosticar as pessoas trans como tendo "disforia de gênero", um termo que expressa o sofrimento causado pela "incongruência marcante entre o sexo de nascimento e a expressão de gênero atribuídos." O objetivo é para que o tratamento possa ser oferecido sem estigmatizar os pacientes como tendo um transtorno mental.

Segundo Bianca Figueira Santos, da Comissão de Direito Homoafetivo (CDHO) da OAB-RJ:  "Diagnosticar o gênero ou variações de gênero como doença, fazendo constar esse diagnóstico num manual de estatística e diagnóstico de saúde mental é ultrajante. Não importa o termo que usem... logicamente o termo disforia é bem mais adequado... mas fazer constar num manual de saúde mental é um incentivo ainda ao reforço da discriminação e do preconceito. Isso ainda pode permitir que empresas e órgãos públicos expulsem ou nem mesmo deixem entrar em seus quadros, pessoas transexuais. O correto seria retirar... nem mesmo fazer constar do Manual de Saúde Mental.

Sabemos que é o cérebro quem comanda tudo, e é ele o órgão que define as exteriorizações de gênero... portanto, na verdade, o que pode estar em disforia é o corpo, os cromossomos... e não o cérebro... e não a identidade de gênero."

No ano passado o Parlamento Europeu já havia aprovado uma resolução pedindo para a Organização Mundial de Saúde deixar de classificar as pessoas transexuais como doentes mentais. O "Transtorno de identidade de gênero" está atualmente classificado como uma "desordem mental e comportamental" na classificação da OMS.

Muitas pessoas transexuais e médicos preferem usar o termo "disforia de gênero". Embora as causas ainda não sejam conhecidas. Pesquisas sugerem razões genéticas e hormonais.

A Classificação Internacional de Doenças da OMS está atualmente sob revisão. A próxima lista será finalizada em 2015.

Comentários

  1. A informação está errada.
    A APA não despatologizou a transexualidade, apenas a realocou dentro do Manual, e a agregou com outras expressões transgênero dentro da categoria "disforia de gênero", considerando assim que todas as pessoas trans sofrem por terem essa identidade de gênero.
    Sinto, mas isso ainda é patologizar.

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  2. Jaqueline, mas se uma pessoa tem seu sexo biológico diferente da sua identidade de gênero isso não causa sofrimento?

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  3. Concordo com a Jacqueline. Julio Marinho, nem todas as pessoas transexuais querem fazer uma cirurgia de transgenitalização, pois nem todas estão descontentes com os genitais.

    Despatologizou no entender de alguns e continua psiquiatrizada para todos. Trocar transexualidade de categoria (foi de Transtorno de Identidade de Gênero para Disforia de Identidade de Gênero (GID) - detalhe que permanece o sufixo patologizante -ISMO) não significa despatologizar no entender de muitos psiquiatras, inclusive da academia americana. Os "famosos" psiquiatras Dr. Robert Spitzer e Dr. Paul J. Fink dizem que os comportamentos e as experiências que são vistas no "transexualismo" são anormais e constituivas de disfução. E há ainda os psiquiatras que ficam em cima do muro, Dra Katherine Wilson sugere que o diagnóstico deva ser feito para Disforia de Gênero sem ênfase na não conformação com o gênero.

    A troca de lugares no DSM continua causando a mesma coisa: de que ser transexual é não ser um homem ou mulher normal.

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  4. Olá Daniela, foi justamente por isso que eu fiz a pergunta acima. E muito generosamente a Bianca,agora citada no artigo, fez a gentileza de me esclarecer. É realmente muito importante que passemos essas informações. Sou muito grato a você, a Jaqueline e a Bianca, de verdade.

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