Por: Walter Silva
Essa frase acima foi escrita por um fundamentalista religioso em resposta a um amigo gay.
Ele resume o pensamento dessa classe de zumbis, um tipo de gado desprovido de cérebro e racionalidade.
Ele diz que usamos nosso corpo da forma ''errada''.
Lembrei da velha analogia do plugue e da tomada; o plugue foi feito para encaixar na tomada, e vice versa.
Plugue com plugue não dá certo, e tomada com tomada menos ainda.
Essa analogia é frequentemente usada para demonstrar como nós LGBT's usamos o corpo de ''forma errada''.
O que muita gente desconhece é que há outra analogia, ainda mais formosa, e muito antiga, que nos serve maravilhosamente bem para desbancar a analogia do plugue e da tomada.
Um poema escrito no século 12, de autor desconhecido, chamado ''Altercatio Ganimedis et Helene'' (Debate entre Ganimedes e Helena) que provoca uma discussão entre os defensores do amor do sexo oposto e os do amor do mesmo sexo; Ganimedes, amante de Zeus, representa os homossexuais em geral, e Helena de Tróia representa os heterossexuais. Helena começa organizando os argumentos convencionais homofóbicos; a preferência pelo mesmo sexo é uma inversão da ordem da natureza, é contra as escrituras, é estéril, não é natural, não é amor mas somente luxúria.
Ganimedes responde prontamente que o amor do mesmo sexo é mais natural que o do sexo oposto, pois a natureza dos diferentes é discordar e a dos semelhantes, concordar.
Ele afirma que o amor do mesmo sexo não vai despovoar o mundo, porque sempre vão existir os que querem se reproduzir. Deixai-os povoar o mundo pois; reprodução não é uma obrigação universal, mas o prazer sim.
E finalmente, Ganimedes rebate a analogia do plugue e da tomada (Helena fala em ''inversão'' da ordem das coisas); ele diz que as relações do mesmo sexo obedecem a regras semelhantes às da Gramática. Numa frase, os artigos, adjetivos e todas as outras palavras devem concordar em gênero com o substantivo.
Seria estranho dizer ''O bonita garoto''; o correto é ''o bonito garoto'', pois não? Portanto, não se usa o corpo de forma errada quando se é gay. Usa-se da forma certa, em obediência a princípios perfeitamente razoáveis. O errado seria um gay usar o corpo como se fosse um heterossexual, porque homossexuais e heterossexuais são essencialmente distintos.
Achei excelente as colocações de Walter Silva. Ele sempre toca em pontos que ninguém toca. Um ser talentoso, admirável, militante daqueles raros que nos enchem de orgulho. E, acredite, é um ser amoroso e amigão daqueles...
ResponderExcluirAqui ele desconstrói até o fim as falas de fundamentalistas religiosos com argumentos assertivos e diretos como a fábula de Ganimedes....
Uma honra vê-lo aqui!
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br