Cientistas britânicos pedem indulto póstumo para Alan Turing


A homossexualidade era crime e, apesar de agora parecer estar muito distante da nossa realidade - pelo menos nos países ocidentais -, até não muitos anos atrás era normal. O matemático Alan Turing foi uma das vítimas dessas leis discriminatórias e homofóbicas que reinaram por muito tempo na Europa.

Agora, quase 60 anos depois de sua morte, um grupo de 11 cientistas ingleses propuseram limpar a sua memória para sempre. Eles enviaram uma carta ao governo britânico pedindo o perdão póstumo para o matemático.

Na carta, publicada pelo Daily Telegraph, cientistas de prestígio, como o presidente da Royal Society, Paul Nurse, se referem a Turing como "um dos matemáticos mais brilhantes da era moderna." E não é para menos. Frequentemente Turing é considerado um dos pioneiros da ciência da computação e o homem que lançou as bases do computador moderno. Tanto é assim que ele conseguiu desencriptar mensagens nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, decifrando os códigos da máquina alemã "Enigma" (máquina de rotores de cifragem usada para cifrar e decifrar mensagens secretas). Algo que, para muitos historiadores, desempenhou um papel fundamental durante a guerra, uma vez que, graças a ele, puderam salvar milhões de vidas ao conseguir que o fim da guerra chegasse antes do previsto.

Turing morreu em 1954, aos 41 anos, como resultado de envenenamento por cianeto, o que na época foi considerado como "suicídio". No entanto, não devemos esquecer que este alegado suicídio aconteceu dois anos depois dele ser condenado à castração química, porque sua sexualidade foi considerada uma "imoralidade".

Apesar de todas as suas realizações profissionais, cruciais para a história, Turing era desconhecido do público até 1974, quando sua obra já não era mais mantida em segredo.

Em 2009, o então primeiro-ministro britânico Gordon Brown, fez um pedido de desculpas póstumo, dizendo que o matemático havia sido "muito mal" tratado. No entanto, o perdão ainda não chegou, apesar das 23.000 assinaturas necessárias enviadas ao Parlamento, onde David Cameron o rejeitou, já que o Departamento de Justiça o classificou como "inadequado" porque o matemático foi "devidamente condenado", pois na época a homossexualidade era considerada um crime. Agora o escritório do Primeiro-Ministro disse que vai considerar a carta dos cientistas.

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