Primeira mulher transexual é eleita vereadora em Cuba


Adela Hernandez é a primeira mulher transexual eleita vereadora na aldeia Caibarién, província de Santa Clara (400 quilômetros de Havana), em Cuba. Adela considera essa a sua maior vitória contra todo o "repúdio" que sofreu ao longo dos seus 48 anos de vida. Logo ela, que na década de oitenta foi presa por "periculosidade social". Na época, seu próprio pai informou às autoridades que, "José Agustín Hernández" (seu nome de batismo) era homossexual. Por conta disso, Adela cumpriu pena entre os anos de 1980 a 82.

Adela Hernandez mora em uma casa humilde de madeira numa favela de Caibarién e é uma mulher popular, determinada a melhorar a vida de seus vizinhos. Ela venceu dois adversários na conquista do cargo de vereador. "Meus dois adversários eram funcionários da Assembleia e eu sou da rua, um homossexual assumido que se sente como uma mulher desde o nascimento e que toma hormônios femininos há três anos. Minha comunidade me aceita como eu sou e essa é a minha vitória", declarou Hernandez, que tem identidade feminina, mas refere-se a si mesma homossexual.

A história de Adela é um exemplo vivo da evolução da sociedade cubana em relação à luta pelos direitos civis dos cidadãos LGBTs. Ela se sentia mulher desde a infância, mas sofreu rejeição de sua família. Foi presa numa época em que a diversidade sexual era tabu em Cuba. "Eu sempre me impus na sociedade: eles não queriam que eu me vestisse como uma mulher, a polícia me prendia, mas eu continuava e tentava me fazer ser respeitada", afirmou. Adela é uma provocadora nata. Por não ter uma única roupa masculina, ela foi obrigada a pedir uma emprestada para poder assistir a sua primeira reunião vestida como um homem. "O que eu fiz foi para provocar, porque todos esperavam me ver vestida como uma mulher".

Em seu bairro, alguns a tratam como "ele", enquanto outros como "ela". Entretanto, a maioria dos vizinhos a consideram a pessoa certa para representá-los perante as autoridades, porque ela "não tem medo de expressar seus sentimentos."

Levando-se em consideração o histórico de perseguição aos LGBTs em Cuba, de fato essa é uma grande vitória. Que os bons ventos da mudança continuem soprando em Cuba e ao redor do mundo.

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