lucas Cardoso Fortuna: Uma morte anunciada!

Mais uma morte anunciada e motivada, ao que tudo indica, por homofobia. Dessa vez a vítima foi Lucas Cardoso Fortuna, 28 anos, jornalista, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), no município de Santo Antônio de Goiás, fundador do Grupo Colcha de Retalhos, organizador de diversas paradas gays na capital goiana e ativo militante no combate a homofobia. Lucas foi encontrado morto na manhã deste domingo (18/11), na praia de Cabo de Santo Agostinho, próxima à cidade de Recife, no Estado de Pernambuco. Segundo informações, o corpo foi encontrado trajando apenas cueca, com sinais de espancamento e todo ensanguentado. Também foram identificadas duas facadas, uma no pescoço e outra perto da orelha.

O pai da vítima foi informado da morte no mesmo dia e veio imediatamente para o Recife, tendo chegado por volta da meia-noite na cidade. "O chefe dele que foi até a minha casa e contou que meu filho foi encontrado morto, com marcas de violência", contou Avelino. Na última vez que falou com o filho, na sexta-feira (16), Lucas estava feliz, porque havia a possibilidade de ser promovido a árbritro nacional - ele veio ao estado para apitar um campeonato de vôlei paralímpico. "Ele me disse também que estava vendo a possibilidade de ficar mais tempo", lembrou o pai.

Luciano Freitas, amigo de longa data do jornalista goiano e também ativista do movimento LGBT, acredita que a morte está relacionada com crime de ódio sim. "O corpo dele foi encontrado boiando entre as praias de Calhetas e Gaibu, mas com marcas de violência e ensanguentado. A causa final da morte pode ter sido afogamento, mas acreditamos em crime de ódio", disse Freitas. O motivo para a desconfiança é o fato de o jornalista ter sido encontrado apenas de cueca. O celular e a carteira dele foram encontrados perto do corpo, o que descartaria a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte).

Em nota enviada por e-mail para professores, alunos e ex-alunos, o Prof. Dr. do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás, Juarez Ferraz de Maia, lamentou a morte de Lucas Fortuna. "Tudo leva a crer tratar-se de um crime homofóbico pelas agressões sofridas. Lucas Fortuna era um militante da causa gay e combatia a intolerância e a violência através de suas ações pacíficas e brilhante oratória . Durante anos foi um dos organizadores em Goiânia da Parada Gay", escreveu Juarez.

Já consigo imaginar os absurdos que iremos ler e ouvir em relação a morte de Lucas - inclusive, por mais paradoxal que seja, de alguns LGBTs. Nada que já não tenhamos ouvido/lido antes para justificar o injustificável, insinuarão que Lucas estava buscando sexo e por isso foi morto, que ele deve ter provocado sua morte ao "cantar" um hétero, que tomado por cólera diante de tamanha "afronta" lavou sua "honra" com sangue, e coisas do tipo.  

É provável que o(s) assassino(s) de Lucas jamais seja(m) identificado(s) e punido(s), mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza: TODOS os que contribuem, de uma forma ou de outra, com a homofobia são coautores desse crime, todos. 

- A presidente Dilma Rousseff que, além de não fazer absolutamente NADA para combater a homofobia, ainda tem a irresponsabilidade de barrar medidas que poderiam ajudar no combate, como por exemplo no caso do Kit anti-homofobia que seriam distribuídos nas escolas, dizendo inclusive que o projeto seria uma "propaganda de opções sexuais".

- Fundamentalistas religiosos que apoiam, validam e disseminam o ódio contra os cidadãos LGBTs.

- Congressistas que se negam a votar o PL 122/06 (que criminaliza a homofobia).

- Integrantes da bancada religiosa do Congresso Nacional que fazem de tudo para barrar qualquer concessão de direitos aos cidadãos LGBTs.

- Criadores de programas "humorísticos", que perpetuam estereótipos em relação aos LGBTs.

- Você que assiste, aprova e viabiliza tais programas.

- Você que relativiza a homofobia.

- Você que se acha no direito de determinar a sexualidade e o afeto alheio.

Todos, todos vocês são coautores desse e de outros crimes semelhantes.