"Passamos tanto tempo fingindo ser héteros, que no final, nos tornamos ótimos atores"
Reflexão curiosa de Ian McKellen, renomado ator britânico e ativista pelos direitos LGBTs. Segundo McKellen, durante décadas os homossexuais foram obrigados a fingir o que não são e, isso explicaria o fato de que tantos bons atores do seu país sejam gays. McKellen estava tentando passar para os alunos de uma escola em Londres, o que significa se sentir forçado a viver no armário.
McKellen, 73 anos (25 de maio de 1939), permaneceu no armário até final dos anos oitenta (alguns defendem que foi desde a década de 1960), muito embora ele estivesse plenamente consciente de sua homossexualidade desde a sua juventude. "Naquela época não havia nenhum Graham Norton na televisão (apresentador e comediante de televisão assumidamente gay), não havia parlamentares gays, ninguém falava sobre os direitos dos homossexuais nas rádios. Assim eu me afrontava, tentando amputar uma parte de mim, me escondendo, estrangulando uma parte de mim mesmo", disse McKellen. "Quando te fazem sentir que está você errado por sentir o que você sente, isso é o que você faz. Eu acho que é por isso que temos tantos bons atores britânicos que são gays... Passamos tanto tempo fingindo ser hétero, fingindo sermos o que não somos, que no final, nos tornamos muito bons no que fazemos", acrescentou. "Eu gostaria que cada aluno, cada professor, cada pessoa que está aqui hoje nesta sala, pudesse se sentir livre para ser o que é, independentemente da sua orientação sexual ", continuou McKellen.
Dois anos atrás McKellen afirmou que a maioria dos atores e atrizes gays e lésbicas não assumem sua orientação sexual, porque seus agentes os pressionaram a permanecer no armário. Para MaKellen, também é um erro pensar que a homossexualidade de um ator ou atriz seja uma carta branca para a interferência na sua vida privada. "Estar no armário significa que você está mentindo sobre sua vida. E sair não significa que você tenha de tornar pública cada uma de suas relações. Você não tem que dizer com quem você vai para a cama ou o que você come", completou.
Sir Ian McKellen (foi condecorado com o título de Sir pela Rainha da Inglaterra, seu país natal) é bem conhecido pelo público mais jovem por seu papel de "Gandalf", na adaptação cinematográfica de "O Senhor dos Anéis", ou como "Magneto" na trilogia X-Men, mas sua grandiosa e extraordinária carreira vai muito além disso, uma lista tão longa quanto espetacular. McKellen revelou sua homossexualidade publicamente há mais de 20 anos, e nem por isso sua carreira foi prejudicada, no final das contas, o enorme talento de McKellen falou mais alto. Desde que saiu do armário, o ator tem sido altamente comprometido com os direitos LGBTs, tanto no seu país, quanto internacionalmente. Cofundador da instituição britânica Stonewall, McKellen viaja dando palestras contra o bullying homofóbico em colégios e faculdades pelo país.
No meu caso também, e acho que no caso de muita gente, ser gay me tornou uma pessoa melhor. Ao perceber a dor dos preconceitos na pele, pude refletir e entender a dor alheia e entender melhor @ meu próxim@. Evidente que isso não ocorre com todo o mundo, alguns são apenas LGBT's e gays que não aprenderam com a discriminação, e evidente que isso não é justificar o preconceito, apenas entra naquilo que é se reinventar à todo momento, aprender com o viver. E , ainda, Ian está certo: grandes atores e atrizes, gays e lésbicas, existem e existiram, mesmo que em outras épocas fossem realmente obrigados a viverem no armário.
ResponderExcluirRicardo Aguieiras
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