Por: Julio Marinho
As coisas não andam muito boas pro lado dos cidadãos LGBTs. Não, com certeza não estão. Tivemos alguns avanços, mas falta muita coisa ainda. Alguns países já estão bem à frente na corrida pelo reconhecimento dos direitos civis dos cidadãos LGBTs, outros, como por exemplo o Brasil, ainda estão empacados. Mas eu tenho esperança de que a gente possa comemorar, um dia, a conquista da nossa dignidade. Tenho de ter, sem ela não conseguiria.
As coisas não andam muito boas pro lado dos cidadãos LGBTs. Não, com certeza não estão. Tivemos alguns avanços, mas falta muita coisa ainda. Alguns países já estão bem à frente na corrida pelo reconhecimento dos direitos civis dos cidadãos LGBTs, outros, como por exemplo o Brasil, ainda estão empacados. Mas eu tenho esperança de que a gente possa comemorar, um dia, a conquista da nossa dignidade. Tenho de ter, sem ela não conseguiria.
Quem sabe um dia a gente possa olhar pra trás e ver o quanto caminhamos, o quanto lutamos e quantas e quantos ficaram pelo caminho. Muitos bravos heróis e vítimas inocentes ficaram, muitos. Tantas vidas que se perderam por um sonho, o sonho de liberdade, o sonho de poder viver e amar sem correr riscos, riscos de vida. Eu sei que isso pode parecer clichê e um tanto quanto piegas, mas não é a mais pura verdade? Quantos e quantas foram mortos apenas porque ousaram amar? Quantos? Muitos!
Mas um dia isso tudo vai mudar, com certeza vai. Talvez nem eu e nem você cheguemos a ver isso acontecer, talvez. No entanto isso não pode ser um impedimento para que continuemos nossa luta, afinal de contas, quantas outras batalhas já foram vencidas dessa mesma forma? Quantas? Muitas!
Não dá para prever o futuro, embora muitos teimem em dizer o contrário, mas não dá. Podemos no máximo conjecturar, e, nas minhas conjecturas, eu sempre vejo um futuro possível e melhor para nós. Claro que há aqueles momentos que nos fazem desacreditar de tudo, mas logo em seguida nos chegam outros que nos renovam as esperanças, e é nesses momentos que eu me agarro e me sustento.
Haverá o dia em que eu e você poderemos apresentar nossos namorados ou namoradas, sem que isso cause espanto, constrangimento e agressividade. Nesse tempo futuro, nós poderemos levar nossos namorados/namoradas para visitar nossos pais ou amigos, e, veja que incrível, eles serão tratados de forma natural, como, aliás, sempre deveriam ter sido. E poderemos também caminhar pelas ruas de mãos dadas, sem a preocupação de sermos agredidos, xingados e/ou mortos por conta disso.
Eu tenho tanta certeza disso, que até já posso ver aquele rapaz, ou aquela moça, sentado ou sentada no ônibus ou metrô, com sua cabeça apoiada no ombro do seu namorado, ou namorada, sem que hajam olhares e/ou comentários de reprovação. Ninguém mais irá se importar quando no cinema, teatro, praça, restaurante etc. o rapaz beijar seu namorado na boca, ou a moça dizer em alto e bom som, que ama muito sua namorada, ninguém. A atendente da loja não mais achará estranho quando um rapaz, ou uma moça, escolher um presente para seu namorado/namorada, ela no máximo irá achar bonita a cena, e poderá até, num gesto de ousadia, fazer um comentário carinhoso.
Você, meu querido amigo/amiga, já imaginou como seria bom ver o sorriso estampado no rosto do seu amado/amada, quando recebido com carinho e afeto pela sua família numa noite de natal, por exemplo? Não seria o máximo, ficar apenas sentado olhando ele/ela no meio dos seus entes queridos, contando histórias engraçadas, e no meio das gargalhadas ele/ela olhar para você com aquele olhar de cumplicidade e amor? Não seria demais? Sim, eu sei que seria. Claro, nem tudo são flores. Também haveria aquele momento de constrangimento e muita vergonha, até raiva, quando por exemplo, sua mãe, na melhor das intenções, mostrar um daqueles álbuns antigos de fotografia, aqueles onde você é uma criancinha bochechuda e fantasiada de índio no carnaval. Você ficará com ódio mortal quando seu amado/amada te olhar com aquele sorriso maroto e aquela cara de "Ahá! Te pequei!". Sim, eu sei que esse é um risco gravíssimo, mas faz parte do jogo, fazer o quê?
Mas sabe, eu quero muito poder presenciar tudo isso. Eu quero, mesmo que já bem velhinho, sentado num banco da praça, olhar o rapaz ou a moça abraçar o namorado/namorada, sem que ninguém se importe com isso. E eles irão sorrir e continuar seu caminho, provavelmente nem se darão conta daquele velhinho sentado naquele banco da praça, aquele que um dia escreveu esse texto e que tem a esperança de poder viver num mundo, onde amar seja uma coisa natural, até porque, é mesmo, ou não?
Eu vou ficar muito feliz quando esse dia chegar, mesmo que só para ver e me orgulhar de todos e todas que lutaram e deram suas vidas para que um gesto tão simples, e óbvio, pudesse acontecer de forma simples e natural, como, aliás, sempre deveria ter sido. Eu acredito nesse dia, quando finalmente poderemos dizer: HOMOFOBIA NUNCA MAIS!
Bacana! Comportilho do mesmo sentimento e expectativa...
ResponderExcluirAbração, querido! Seu blog é ótimo!
Concordo com o Wanderson, todos carregamos esperanças, utópicas ou não....
ResponderExcluirVocê continua escrevendo amorosamente, Julio Marinho!!!
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Eu que agradeço Wanderson, se a gente perder as esperanças o que mais restará, não é? Muito obrigado mesmo querido.
ResponderExcluirAcho, inclusive, que turistas, já que trazem divisas para o país, não podem ser enganados. Enganar é desrespeito. O estrangeiro pode chegar ao Rio realmente acreditando no "gay friendly" e relaxar em seus cuidados, tornando-se portanto um alvo fácil da homofobia. Tratasse de uma campanha até perigosa promover o Rio como "gay friendly", uma faca de dois gomes que nos fará pagar um alto preço mais adiante...
ResponderExcluirRicardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Nossa, que lindo, chorei aqui.
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