A forte oposição conservadora ao casamento gay, que se uniu nas últimas horas ao centrista François Bayrou e ao Rabino Chefe da França, Gilles Bernheim, parece ter surtido efeito, já que o governo socialista francês, adiou a data de aprovação do projeto pelo Conselho de Ministros.
O Governo francês tinha já antecipado, que o projeto seria aprovado pelo Conselho de Ministros no dia 31 de outubro. No entanto, a data foi adiada para o dia 07 de novembro. De acordo com o presidente da comissão legislativa da Assembleia Nacional, Jean-Jacques Urvoas, o adiamento também forneceu mais tempo para o debate parlamentar "sem malabarismos". Os socialistas também apresentaram outro argumento para atrasar o processamento do projeto, a agenda lotada dos franceses do Conselho de Estado. De acordo com o novo cronograma, o projeto não seria discutido na Assembleia pelo menos até a segunda metade de janeiro.
Um projeto que incluirá com segurança o direito ao casamento, incluindo a adoção conjunta para casais do mesmo sexo, mas que, em princípio, não abordará outras reformas legislativas. Entre elas, o acesso as técnicas de reprodução assistida para casais de lésbicas (ainda proibida na França), ou a regulamentação dos direitos parentais de casais não casados. Uma exclusão que tem sido criticada por grupos LGBTs, e que o governo prometeu resolver mais tarde. Os deputados de esquerda também não estão satisfeitos com os pontos em questão, e são a favor de ampliar ainda mais o debate.
Além da polêmica sobre a exclusão de tais medidas, se une a feroz oposição da Igreja Católica e a extrema-direita francesa. O UMP (partido do ex-presidente Sarkozy) e a Frente Nacional de extrema-direita, também se uniram ao líder centrista François Bayrou, que em uma entrevista na televisão mostrou como os franceses estão expostos a um discussão "explosiva" sobre a palavra "casamento", que, em sua opinião, deve ser reservada aos casais heterossexuais. Quanto ao lado religioso, a Igreja Católica encontrou um aliado inesperado no Grande Rabino da França, Gilles Bernheim, que manifestou oposição tanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo como na adoção homoparental. "Não, o fato de que duas pessoas se amem não deve lhes dar o direito ao casamento. Um homem não pode se casar com outra mulher já casada, mas amá-la. Nem a mulher pode se casar com dois homens", argumentou Bernheim ... Até mesmo um membro do Partido Socialista, como o prefeito Farébersviller, da cidade de Lorena, expressou oposição ao projeto, que segundo ele, é "contrário à lei divina".
A concessão do direito de se casar e da adoção para casais do mesmo sexo, é uma promessa de campanha do presidente socialista francês, François Hollande. Os socialistas também desfrutam de maioria, tanto na Assembleia Nacional quanto no Senado, isso faz com que o projeto não deva ter dificuldade em ser aprovado.
"O Parlamento vai levar o seu tempo", disse o ministro do Interior, Manuel Valls, no sábado. "Não há dúvida de que vai se tornar lei, mas todas as opiniões - políticas, filosóficas ou religiosas - serão ouvidas." Assim, parece que haverá um consenso geral entre todas as partes.
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