O diretor de cinema inglês, David Cecil, está preso em Kampala, capital de Uganda. Ele foi formalmente acusado por um tribunal ugandense de infringir a lei ao exibir um filme numa sala da capital sem autorização do Conselho de Mídia de Uganda. Se condenado, pode pegar até três anos de cadeia.
O filme, de autoria do próprio Cecil, chama-se "O Rio e a Montanha", e trata da repressão aos homossexuais no país, onde são punidos com prisão.
Ativistas de direitos humanos da África e da Europa avaliam que a prisão de David Cecil tenha sido uma tentativa de intimidar os movimentos pelos direitos civis dos homossexuais de Uganda, cuja luta tem ganhado apoio da população nos últimos tempos.
No país, de maioria conservadora, recentemente foi apresentado no Parlamento uma proposta de lei que pretendeu punir homossexuais com pena de morte por enforcamento. A ideia teve o apoio do presidente ugandense Yoweri Museveni e de igrejas evangélicas.
Michelle Kagari, membro da Divisão de Amnistia Internacional disse na época que: "Se esta lei for aprovada, representara um grande golpe para os direitos humanos de todos os ugandenses, independentemente da sua orientação sexual".
Trágicos acontecimentos, como o assassinato do ativista gay David Kato em 2011 (aqui), destacam a gravidade da situação no país. David foi morto porque seu nome e foto foram publicados junto com outros 99 gays sob o slogan "para enforcar" (aqui) na publicação local do jornal "Rolling Stone".
Países que contribuem com dinheiro para o Orçamento Público de Uganda, na maioria europeus, no entanto, ameaçaram suspender o envio de recursos caso a lei fosse aprovada, o que acabou freando a iniciativa.
Além de Uganda, em outros 36 países africanos a homossexualidade é ilegal. As penas variam de prisão, constrangimentos e humilhações públicas até execução por fuzilamento ou enforcamento.
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