Quase metade, 43%, de atletas abertamente homossexuais ganharam uma medalha nos Jogos Olímpicos de Londres. Fazendo uma comparação, apenas 18% de 530 atletas dos Estados Unidos subiram o pódio até agora. Dos 23 atletas assumidamente gays - 20 mulheres e três homens - 10 deles ganharam uma medalha, seja individualmente ou por equipe.
Eles ganharam quatro medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. Se a equipe LGBT fosse um país seria o número 19 no ranking oficial, superando países como Espanha, Brasil e Canadá. É claro que esses atletas são apenas uma fração dos LGBTs que participam nos Jogos. Se todos eles assumissem, a "Equipe LGBT" seria muito maior.
As estimativas mostram que LGBTs estão entre 1% a 10% da população mundial, por isso, é claro que esses 23 atletas não são os únicos. Jim Buzinski, co-fundador do "OutSports", disse: "É um número absurdamente baixo. Em comparação com as artes, política ou o mundos dos negócios, os esportistas ainda estão no armário."
Londres 2012 tem o dobro da quantidade de atletas abertamente homossexuais que em Atenas 2004 e em Pequim 2008, que tinham 10 e 11, respectivamente.
A Sul Africana Karen Hultzer, que competiu na prova individual de arco e flexa para mulheres, confirmou sua sexualidade aos jornalistas durante os Jogos. Ela disse: "Eu sou uma arqueira, de meia idade e lésbica. Eu também sou ranzinza antes da minha primeira xícara de café. Nenhum desses aspectos definem quem eu sou, eles são simplesmente parte de mim. [...] Tenho a sorte de minha identidade sexual não ser um problema, eu não sofro o mesmo nível de discriminação e violência que as lésbicas negras na África do Sul sofrem. Estou ansiosa pelo dia em que este não seja mais um problema tão relevante quanto a cor dos olhos ou meu gosto por sushi."
O mergulhador Australiano Matthew Mitcham, um dos atletas gays mais famosos, compartilha sentimentos semelhantes aos de Hultzer. "Por ideal, eu gostaria que um dia a sexualidade fosse tão insignificante e desinteressante como a cor do cabelo, ou a cor dos olhos.", disse ele. "Um dia chegaremos lá."
A equipe de hóquei da Holanda é a que mais tem jogadoras abertamente lésbicas, como: Marilyn Agliotti, Dirkse Carlien van den Heuvel, Lammers Kim e Maartje Paumen.
A americana Seimone Augustus ajudou a equipe feminina de basquete dos EUA a obter sua quinta vitória consecutiva, com uma vitória de 86 a 50 sobre a França.
A alemã Judith Arndt, o primeira atleta gay a ganhar uma medalha no solo - medalha de prata no ciclismo contra-relógio.
Carl Hester e Edward Gal conquistaram o ouro e bronze, respectivamente, nos eventos equestres de adestramento por equipe.
A meio-campista de futebol americana, Megan Rapinoe, foi a integrante da equipe feminina dos EUA que ganhou a medalha de ouro. Megan deu quatro assistências e marcou três gols. Além disso, a tenista Lisa Raymond ganhou bronze por duplas.
Rapinoe, que saiu do armário no início deste ano, disse que era mais difícil para os atletas do sexo masculino assumirem sua sexualidade do que para as mulheres. "Eu acho que há um monte de mulheres homossexuais nos esportes, e isso é amplamente conhecido, elas podem viver uma vida muito aberta, sem que isso seja divulgado pelos meios de comunicação", disse a atleta. "Mas eu acho que, infelizmente para os homens, não há o mesmo clima no vestiário."
Rapinoe disse que sair do armário melhorou seu jogo, a prova disso são os dois gols marcados por ela na semifinal. "Parece que tirei um peso dos meus ombros", disse ela. "Eu tenho jogado muito melhor do que eu já joguei antes. Eu acho que estou apenas me divertindo e estou feliz. "
Isso tudo só para mostrar que sexualidade, além de não definir caráter, também não influencia no talento, competência, esforço ou comprometimento, seja nos esportes ou em qualquer outra atividade. O que de fato pode comprometer o desempenho desses atletas é o fato de se sentirem obrigados a permanecer dentro dos armários impostos pela sociedade heterosexista.
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