Apoio hétero aos direitos LGBTs: Eu quero, você não?

Ricardo Darín

Por: Julio Marinho

Não é nenhuma novidade, toda vez que um hétero vem a público manifestar seu apoio à luta pelos direitos dos cidadãos LGBTs, alguém torce o nariz. Nada demais, é natural que minorias massacradas ao longo da história tenham essa postura defensiva, mas temos que tomar cuidado para não sermos injustos e acabar perdendo um apoio importante.

Na semana passada nós vimos o jogador australiano de rúgbi, David Pocock, declarar em uma entrevista que só irá se casar com sua noiva, Emma, quando o casamento gay for aprovado na Austrália. David disse que, mesmo tendo sido criado em um lar cristão - e se identificando como um - ele fica extremamente irritado com o lobbie que é feito ao redor do mundo alegando que o casamento gay é capaz de destruir a família. "Eu acho que é o medo do desconhecido. Essas pessoas não devem ter convivido com muitos homossexuais". "Estes são os preconceitos que temos que enfrentar e destruir”, ressaltou.

O mesmo que, aliás, já haviam feito Angelina Jolie e Brad Pitt. O casal mais badalado de Hollywood chegou a noivar, mas se recusa a casar (apesar dos rumores de que isso já tenha acontecido) enquanto o casamento gay não for aprovado nos Estados Unidos. Segundo Brad: "Realmente, de verdade, não temos uma data. É algo que faz sentido para nós, mas no que diz respeito a uma data, é só um rumor. Ainda temos a esperança de resolver a questão do casamento (gay) nos Estados Unidos antes."

Em todo o mundo várias celebridades já manifestaram seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Aqui no Brasil, no site oficial do Casamento Igualitário, temos uma lista de artistas - héteros ou não - que dão apoio à causa. Na Argentina, primeiro país da América do Sul a aprovar o casamento gay, cerca de 40 atores e músicos, entre eles o ator Ricardo Darín (O Segredo dos seus Olhos, O Filho da Noiva) e o músico Andrés Calamaro, na época, fizeram uma campanha e gravaram anúncios de televisão em defesa do projeto de lei que viria a permitir o casamento gay no país sul americano.

Me causa estranheza essa coisa de dizer que essas pessoas estão apenas querendo se promover, será mesmo? Se promover como, apoiando uma causa que sempre foi alvo de críticas? Não seria justamente o contrário, não seria muito mais confortável ficar calado e não se envolver em polêmicas? Enfim, a gente acaba com isso caindo numa armadilha, explico: Se essas pessoas não apoiam, são acusadas de serem omissas e covardes por não quererem se expor. Em contra partida, se eles vêm a público manifestarem seu apoio são acusados de querer se promover. Fica difícil assim, não? Afinal de contas, mesmo que nós levemos em consideração a possibilidade (remota, a meu ver) da promoção, qual o problema? Não há como negar que essas manifestações atraem visibilidade, simpatia e geram discussões, portanto.