Entrevista com a escritora Josiane Veiga


Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do Sul. Desde cedo, apaixonou-se por literatura, e teve em Alexandre Dumas e Moacyr Scliar seus primeiros amores.

Aos doze anos, lançou o primeiro livro "A caminho do céu", e até então já escreveu mais de quarenta histórias, de originais a contos envolvendo o universo da animação japonesa. 

A escritora mostrou ter bastante coragem e ousadia ao criar uma trilogia (Rendição, Redenção e Remissão) sobre o amor homossexual. 

Vamos conhecer um pouco mais sobre essa jovem e ousada escritora?

Como foi seu início na literatura?
Quando eu tinha doze anos, surgiu um projeto na escola para que cada aluno escrevesse uma história fictícia. Quando eu entreguei meu trabalho, a professora me encarou e disse: “Você realmente escreveu isso?”. Confirmei, e ela levou o texto para a direção. Pouco depois fui avisada que eles iriam lançar em livro, pois ele ganhou uma espécie de concurso. E realmente lançaram: "A caminho do céu". A história era de um grupo de crianças que invadiam uma casa mal assombrada e descobriam que os fantasmas que estavam lá eram de uma jovem baronesa e um servo, que ao serem descobertos como amantes, foram assassinados pelo marido dela. O projeto foi pequeno, mas acredito que foi enviado para as escolas da região. Entretanto, a faísca havia sido lançada. Escrevi mais de cinquenta histórias para a internet, tendo um bom público, mas quando escrevi Rendição, as pessoas começaram a me falar sobre a dificuldade e gastos que estavam tendo para imprimir o texto, encadernarem, etc, porque elas desejavam ter sempre com elas. Daí eu pensei: vou lançar como livro! Arrumei tudo e fui às catas de uma editora. Como Rendição tinha quase 500 páginas, os preços que eles queriam me cobrar eram apavorantes. E teve editora que fez cara feia só por ser um livro gay. Então, descobri o Clube de Autores e vi a chance perfeita. Eu seria minha própria editora, eu teria todos os direitos, sem contratos, etc… e por um preço parecido com de livrarias. Para mim foi perfeito. Como Rendição vendeu muito, logo postei os demais livros que tinha "na gaveta".

Fale-nos um pouco sobre a sua obra.
Tenho seis livros lançados e um em andamento, com previsão de lançamento esse ano. Desses, três são histórias gays. Rendição e Redenção fazem parte de uma trilogia LGBT que vai terminar esse ano, com o lançamento do terceiro livro: Remissão. Ele conta a história de cinco rapazes, que se conheceram na infância e que formaram uma banda. Em meio ao sucesso, descobriram entre eles o amor. A saga da Banda Jishu atravessa o tempo, e fala de assuntos bastante polêmicos como pedofilia, homofobia, idolatria, aborto... etc.

Em contraste, Traços, é um livro fantasia, que narra a história de um guerreiro solitário que se apaixona por um elfo.

Por que escrever histórias relacionadas ao universo gay?
Eu sou Fushoji desde criança (Fushoji são mulheres fãs de um gênero de publicação que tem o foco em relações homossexuais entre dois homens), e por isso para mim é natural escrever esse tipo de enredo. Francamente, não levo muito tempo pensando no porquê curto tanto a literatura gay. Para mim histórias boas devem ser lidas ou escritas, não importando se são entre dois homens, um homem e uma mulher, ou duas mulheres.

Os leitores brasileiros estão se interessando mais por esse tipo de literatura?
Estão sim. Contudo, a maioria ainda compra os livros numa versão E-book para esconder no computador. Por mais que muitos estão abrindo a mente, na mesma medida, ainda receiam manter um livro gay na sua estante.

Você sofreu algum tipo de resistência por parte das Editoras por conta do tema?
Tenho um romance histórico muito famoso, que recebeu críticas muito favoráveis em blogs. Várias editoras já entraram em contato comigo para lançarem “A Insígnia de Claymor”, mas a funcionaria de uma dessas editoras, enquanto conversávamos, viu que eu tinha várias obras gays. Então, a editora me sugeriu, delicadamente, que “escondesse” Rendição por um tempo, até que IDC fizesse algum sucesso e então eu pudesse abrir que também tinha obras mais... polêmicas. Nem preciso dizer que desisti do contrato e fiquei apenas nas editoras por demanda, Clube de Autores e Bookess. Acho muito constrangedor que as pessoas considerem meus livros eróticos sem sequer terem lido. Rendição tem sexo? Sim, tem. Mas, acima de tudo, narra a história de vidas humanas, seus medos e princípios, suas lágrimas e prazeres (e aqui eu incluo o sexo), mas, acima de tudo, a superação de seus próprios demônios internos.

Existe alguma fórmula que um escritor novo deve seguir para alcançar êxito?
Muitos autores novos já me pediram conselhos, mas eu acho que o principal é: Não se venda. Não afogue seus princípios para o comércio literário, e não caia na conversa dos picaretas. Mantenha-se sempre com a cabeça erguida, e lute com dignidade por seu sonho.

Você escreve diariamente ou costuma produzir quando sente vontade de fazê-lo?
Escrevo uma média de 20 páginas por semana, incluindo as pesquisas e anotações. Infelizmente, não vivo da literatura, assim, ainda levarei certo tempo para poder aumentar esse número.

Tem alguma regra de criação?
Café e concentração. Não escrevo com pessoas falando por perto, ou se não estiver sozinha. Preciso da solidão para criar.

Qual sua fonte de inspiração?
Não tenho. As histórias simplesmente brotam.

Quais são seus novos projetos?
No momento, só pretendo terminar Remissão. Tenho 28 anos e seis livros (o sétimo vem aí!). Acho que já chega, por enquanto. Preciso dar um tempo e descansar. 

Josiane, muito obrigado pela entrevista. Você gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores? 
Sempre sigam adiante com a cabeça erguida e acreditando em seus sonhos. Os obstáculos existem para serem superados e a felicidade aguarda àqueles que creem nela.


Os livros de Josiane podem ser comprados AQUI.

Comentários

  1. RICARDO AGUIEIRAS05/07/2012, 16:51

    Enfim, algum dia romances e ficção gay será tão procurada e vendida como qualquer outra. Parabéns,Josiane, pelo seu esforço.
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

    ResponderExcluir
  2. Olá Ricardo
    obrigada pelo incentivo. Jamais desistirei.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários ofensivos não serão aceitos!