Professor distribui material para "curar" e "prevenir" a homossexualidade

Marcos Samaja

Argentina: Estudantes de Ciências Humanas e Ciências da Educação da Universidade Católica de Mendoza (UCA), denunciaram o professor Marcos Samaja, responsável pelo curso de "Psicologia do Adulto", por, várias vezes, distribuir textos extracurriculares com instruções ou ferramentas para se "abandonar" a homossexualidade, ou "evitá-la".

"No ano passado tivemos uma acalorada discussão com ele, então pedimos desculpas, mas foi muito intenso. Ele disse: 'Vocês não têm ideia das aberrações cometidas por homossexuais. Em 90% dos casos de AIDS a culpa é da homossexualidade'", contou um dos estudantes.

Os textos fazem parte de um conjunto de cópias com sete páginas, que contam diferentes histórias de vida, dando exemplos de pessoas que crescem em uma família com um pai homossexual, além de afirmar que é possível deixar essa orientação sexual.

Entre outras coisas, o texto diz que abandonar a homossexualidade "traz a paz e a felicidade em suas vidas."

A página final oferece um Decálogo destinado a impedir o desenvolvimento da homossexualidade de seus filhos.

"Se fosse o material da faculdade eu saberia, mas eu não tinha ideia. As autoridades não devem saber também. Certamente, o professor faz isso de forma independente ", disse um funcionário da UCA.

Esteban Paulon, presidente da FALGBT (Federação Argentina para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), declarou que, "é muito grave que em uma instituição educativa, mesmo que seja privada e confessional, se distribua conteúdo discriminatório e ofensivo sobre a diversidade sexual. É mais grave ainda, já que, desde 1990 é consenso internacional que a homossexualidade não é uma doença. Além disso, a Lei de Saúde Mental, recentemente promulgada, proíbe a patologização da diversidade sexual, de modo que o professor estaria cometendo um crime."

Ele também acrescentou: "Parece incrível que após dois anos da promulgação da Lei do Casamento Igualitário e mais de 4.000 casamentos realizados em todo o país, temos de ouvir conceitos aberrantes e perigosos sobre a dignidade das pessoas LGBTs. Além disso, depois da aplicação da lei de identidade de gênero, soa como ficção científica ouvir as afirmações de Samaja em uma sala de aula."

E para finalizar disse: "Nenhuma área está isenta de cumprir a legislação. Nenhuma escola pode permitir que se ensinem conteúdos pedagógicos incorretos, muito menos discriminatórios, seja pública ou privada, laica ou religiosa. E é por isso que nossa equipe jurídica está considerando instaurar um processo penal contra o professor e a instituição."