Uma série de escândalos revelam as intrigas, as guerras internas e a corrupção, que parecem ser parte do funcionamento diário da Santa Sé. Entre eles, a detenção e a investigação formal do camareiro de Bento XVI, Paolo Gabriele, acusado de posse ilegal de documentos confidenciais da Santa Sé. Paolo é suspeito da fuga de informações ultra confidenciais.
O Vaticano procura outros eventuais "cabeças" do "VatiLeaks" - referência ao Wikileaks (site que se dedica a divulgar na internet informações sigilosas) -, entre eles cardeais, arcebispos ou monsenhores que, supostamente, estariam preparando um "golpe de estado" no Vaticano.
Entre os documentos divulgados, deve-se destacar um sobre um jantar secreto entre Joseph Ratzinger e o Presidente da República Italiana. Um texto muito revelador sobre as prioridades do Papa, incluindo a oposição ao reconhecimento de casais do mesmo sexo, e a natureza da relação entre o Vaticano e o Estado italiano.
Outras revelações destacam não só a inimizade entre os cardeais e o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, como o clima de confronto mais ou menos latente de poder na Cúria. Também revelam casos graves de "fraude e apropriação indébita", relações pouco claras entre "empreiteiros de obras públicas e monsenhores" e acumulação de riqueza por centros religiosos que dirigem entidades, que mais parecem fundos de investimento sem escrúpulos, do que instituições de caridade.
O escândalo atingiu o seu clímax com a recente publicação do livro "Sua Santidade, as cartas secretas de Bento XVI", do jornalista Gianluigi Nuzzi (autor de outro best-seller sobre as finanças da Santa Sé, o "Vaticano S/A"). O livro, baseado em cartas confidenciais destinadas ao papa Bento XVI do seu secretário pessoal, Georg Gaenswein, descreve manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados para o Papa sobre políticos italianos como Sílvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.
Relata também os confrontos com a chanceler alemã Angela Merkel, a negação do Holocausto, e as confissões do secretário e fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos.
O livro traz ainda diretrizes específicas para tratar de questões com o estado italiano, durante um jantar privado entre o Papa e Giorgio Napolitano, por ocasião da visita presidencial em 2009. O texto contém uma série de políticas específicas para o Estado italiano. O conteúdo não é muito original: o Papa repete suas críticas ao "secularismo" e sua condenação do aborto e da eutanásia. O fato interessante é o tom usado, pois dá a impressão de que o Papa impõe ao presidente italiano, diretrizes de qual deve ser o conteúdo das leis estaduais. Um tom semelhante do utilizado pelo Arcebispo de Turim, em uma carta divulgada em outubro do ano passado. O tom da carta ilustra alguns aspectos do funcionamento do processo legislativo na Itália. Nela o arcebispado dita diretamente quais devem ser os limites da lei e se oferece para discuti-los "ponto a ponto".
Outro aspecto interessante do trabalho, é a oposição do papa sobre o reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Devemos evitar qualquer equivalência entre a família fundada sobre o matrimônio e outras tais uniões", diz o texto. Eis a prova, como se fosse necessário, da obsessão homofóbica que domina a hierarquia católica.
O documento refere-se ao chamado "DiDoRè" (um projeto de lei sobre parcerias domésticas e limitadas, que no entanto, não deu em nada devido à pressão dos setores católicos). O Papa não paresse se sentir constrangido em ir tão longe para pedir medidas discriminatórias contras as famílias não-tradicionais.
A mídia tradicional italiana está apresentando o Papa como uma vítima, um homem "justo doente e cercado por lobos." Mas eles esquecem de mencionar que este escândalo é também fruto de um enorme poder acumulado nos últimos anos pela Igreja Católica na Itália, um país que ela tenta a todo custo controlar. Algo que foi amplamente alcançado, já que católicos ultra-conservadores estão a frente das direções-gerais dos ministérios, administrações e órgãos públicos (Roberto de Mattei está longe de ser um caso isolado). A Igreja Católica tem conseguido enormes privilégios estatais, fiscais e financeiros. A "L'Espresso" estimou em 3.000 milhões de euros o custo anual do estado com a Igreja Católica.
A Igreja Católica quer gerir a Itália, mas se esquece da frase sublime de John Emerich Edward Dalberg-Acton (Lord Acton): "O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente".
O Vaticano procura outros eventuais "cabeças" do "VatiLeaks" - referência ao Wikileaks (site que se dedica a divulgar na internet informações sigilosas) -, entre eles cardeais, arcebispos ou monsenhores que, supostamente, estariam preparando um "golpe de estado" no Vaticano.
Entre os documentos divulgados, deve-se destacar um sobre um jantar secreto entre Joseph Ratzinger e o Presidente da República Italiana. Um texto muito revelador sobre as prioridades do Papa, incluindo a oposição ao reconhecimento de casais do mesmo sexo, e a natureza da relação entre o Vaticano e o Estado italiano.
Outras revelações destacam não só a inimizade entre os cardeais e o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, como o clima de confronto mais ou menos latente de poder na Cúria. Também revelam casos graves de "fraude e apropriação indébita", relações pouco claras entre "empreiteiros de obras públicas e monsenhores" e acumulação de riqueza por centros religiosos que dirigem entidades, que mais parecem fundos de investimento sem escrúpulos, do que instituições de caridade.
O escândalo atingiu o seu clímax com a recente publicação do livro "Sua Santidade, as cartas secretas de Bento XVI", do jornalista Gianluigi Nuzzi (autor de outro best-seller sobre as finanças da Santa Sé, o "Vaticano S/A"). O livro, baseado em cartas confidenciais destinadas ao papa Bento XVI do seu secretário pessoal, Georg Gaenswein, descreve manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados para o Papa sobre políticos italianos como Sílvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.
Relata também os confrontos com a chanceler alemã Angela Merkel, a negação do Holocausto, e as confissões do secretário e fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos.
O livro traz ainda diretrizes específicas para tratar de questões com o estado italiano, durante um jantar privado entre o Papa e Giorgio Napolitano, por ocasião da visita presidencial em 2009. O texto contém uma série de políticas específicas para o Estado italiano. O conteúdo não é muito original: o Papa repete suas críticas ao "secularismo" e sua condenação do aborto e da eutanásia. O fato interessante é o tom usado, pois dá a impressão de que o Papa impõe ao presidente italiano, diretrizes de qual deve ser o conteúdo das leis estaduais. Um tom semelhante do utilizado pelo Arcebispo de Turim, em uma carta divulgada em outubro do ano passado. O tom da carta ilustra alguns aspectos do funcionamento do processo legislativo na Itália. Nela o arcebispado dita diretamente quais devem ser os limites da lei e se oferece para discuti-los "ponto a ponto".
Outro aspecto interessante do trabalho, é a oposição do papa sobre o reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Devemos evitar qualquer equivalência entre a família fundada sobre o matrimônio e outras tais uniões", diz o texto. Eis a prova, como se fosse necessário, da obsessão homofóbica que domina a hierarquia católica.
O documento refere-se ao chamado "DiDoRè" (um projeto de lei sobre parcerias domésticas e limitadas, que no entanto, não deu em nada devido à pressão dos setores católicos). O Papa não paresse se sentir constrangido em ir tão longe para pedir medidas discriminatórias contras as famílias não-tradicionais.
A mídia tradicional italiana está apresentando o Papa como uma vítima, um homem "justo doente e cercado por lobos." Mas eles esquecem de mencionar que este escândalo é também fruto de um enorme poder acumulado nos últimos anos pela Igreja Católica na Itália, um país que ela tenta a todo custo controlar. Algo que foi amplamente alcançado, já que católicos ultra-conservadores estão a frente das direções-gerais dos ministérios, administrações e órgãos públicos (Roberto de Mattei está longe de ser um caso isolado). A Igreja Católica tem conseguido enormes privilégios estatais, fiscais e financeiros. A "L'Espresso" estimou em 3.000 milhões de euros o custo anual do estado com a Igreja Católica.
A Igreja Católica quer gerir a Itália, mas se esquece da frase sublime de John Emerich Edward Dalberg-Acton (Lord Acton): "O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente".
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