Não à (hetero)sexualidade. Logo, não à homossexualidade

Por Beto Maia (Temas da Atualidade)

As razões para a oposição dos religiosos moralistas e conservadores contra a homossexualidade, devem ser encontradas na visão deturpada e na vivência recalcada da própria heterossexualidade.

Os religiosos e os moralistas concebem a sexualidade como tabu: sexo antes do casamento é pecado, masturbação é pecado, ver revistas ou filmes pornô são pecado. Essa visão do sexo como tabu, advém, por exemplo, da concepção procriativa da sexualidade (mito de Adão e Eva) e da impureza inerente do ato sexual (nascimento de Jesus Cristo de uma virgem e sem a cópula). Embora essas duas concepções arquetípicas sejam paradoxais, são elas que estruturam o comportamento sexual idealizado do religioso fundamentalista.

Vejam que um jovem evangélico, de 14 anos, sexualmente maduro, terá que praticar a abstinência sexual absoluta (inclui não masturbar-se) para não pecar contra o "Senhor", e supondo que ele só venha a casar-se aos 25 anos, teria que passar 11 anos lutando contra sua natureza orgânica. Ora, uma moral religiosa, ou simplesmente uma moral, que impõe tal castração à própria heterossexualidade jamais aceitará ou tolerará a homo ou a bissexualidade. Portanto, tal como diz o dr. Drauzio (aqui), somente os indivíduos heterossexuais sexualmente plenos e centrados, sem recalques sexuais ou com pouquíssimos recalques, é que poderão relacionar-se como a homossexualidade sem dar piti ou sem nutrir sentimentos de ódio.

Daí a dificuldade da homossexualidade ou da cidadania plena para os homossexuais serem aceitas dentro do coletivo puritano. Mais do que "dificuldade" eu diria que se trata já de uma impossibilidade, salvo ocorra um quebra de paradigma e as pessoas transitem da castração moral da sexualidade para a um modelo de sexualidade plena.