Titica: a diva transexual angolana

Teca Miguel Garcia nasceu em Luanda, mas a cerca de quatro anos, a cantora e dançarina de Kuduro - estilo musical que mistura rap, música eletrônica e ritmos locais - adotou o nome de Titica e assumiu sua verdadeira identidade. Hoje Titica é o rosto da moda em Angola. 

Aos 25 anos de idade, Titica é a nova diva do kuduro, gênero angolano que mistura rap, música eletrônica e ritmos locais.

Com formação em balé, ela começou a atuar como dançarina de apoio em shows de artistas populares como "Noite e Dia", "Própria Lixa" e "Puto Português". Em outubro do ano passado, Titica lançou sua primeira canção, Chão, uma das faixas mais tocadas da história do kuduro.

Titica foi premiada como Melhor Artista do kuduro em 2011, aparece regularmente na televisão e rádio e até participou e foi premiada no show anual das Divas. A cantora já dividiu o palco com os artistas angolanos artistas de renome internacional. É a música, mais uma vez, transcendendo e quebrando tabus.

Titica evita falar de sua sexualidade e diz que até se tornar uma estrela nem tudo foi um mar de rosas. "Fui apedrejada, espancada e há muito preconceito contra mim, muita gente mostra isso. Há um enorme tabu", afirma surpreendentemente tímida.

Ainda há uma resistência enorme quanto a homossexualidade em quase toda a África. É difícil imaginar que Titica seja bem recebida em outros países africanos como Uganda, Nigéria, Malawi, Quênia e Camarões, onde os homossexuais são vítimas de violência e de ações judiciais.

Mas, apesar do preconceito, Titica vem acumulando fãs e despertado um enorme interesse, muito mais por sua música do que por sua sexualidade. Não que a sexualidade da artista não seja importante, ela é e muito, mas acho que ela deve ser reconhecida pelo seu trabalho e talento. Afinal de contas, talento e competência são inerentes a cor, orientação sexual, idade, condição social e identidade de gênero.

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