Londres: Campanha que sugeria “cura” para homossexuais é cancelada

O presidente da Câmara de Londres, Boris Johnson, mandou cancelar a campanha que iria começar a circular pelos ônibus de Londres com a seguinte frase: "Not gay! Ex-gay, post-gay and proud. Get over it!" (Não sou gay! Sou pós-gay, ex-gay e orgulho-me disso. Lidem com isso!).
 
A campanha, de autoria de dois grupos anglicanos e conservadores - o "Core Issues Trust" e o "Anglican Mainstream" - que defendem que a homossexualidade é algo que se pode tratar, era uma tentativa de ridicularizar uma outra campanha publicitária, apoiada pela associação de defesa dos direitos dos cidadãos LGBTs britânicos, "Stonewall". A campanha original dizia: "Some people are gay. Get over it" (Algumas pessoas são homossexuais. Lide com isso!). A campanha da associação cristã usava inclusive o mesmo esquema de cores.
 
Boris Johnson, anunciou a proibição da campanha horas antes desta começar a circular nos ônibus da capital britânica. Boris declarou ao jornal Guardian que, "Londres é uma das cidades mais tolerantes do mundo, mas é relativamente intolerante à intolerância. É claramente ofensivo sugerir que ser homossexual é uma doença da qual se pode se recuperar e eu não posso permitir que esse tipo de afirmações a circule nos coletivos londrinos."

Já Ken Livingstone, grande rival de Boris Johnson nas eleições do próximo mês, afirmou que Johnson nunca deveria ter permitido que semelhante campanha fosse autorizada. "Londres está dando passos para trás sob esta liderança conservadora, que deveria ter tornado este tipo de anúncios impossível. Eles promovem uma ideia falsa, a ideia homofóbica de 'terapia' para uma mudança da orientação sexual de lésbicas e homens gays", disse Livingstone.

Os grupos anglicanos autores da campanha cancelada, frisaram que ela havia sido autorizada pela Secretaria de Transportes de Londres - supervisionada pelo presidente da câmara - e também pelo "Committee of Advertising Practice", que regula os anúncios publicitários.

"Não estava a par do fato de estarmos sendo censurados. Percorremos os caminhos corretos e fomos inclusive encorajados [...] a avançar com os procedimentos. A campanha foi autorizada e agora foi suspensa", afirmou Mike Davidson, líder do Core Issues Trust.

O deputado do partido Trabalhista Chris Bryante, homossexual assumido, também condenou a campanha, por esta promover a ideia de que se pode ser "ex-gay" e por ser particularmente cruel com os adolescentes que ainda estão tentando descobrir e aceitar a sua orientação sexual: "A maioria das pessoas cristãs acredita que a homossexualidade não é um estilo de vida ou uma escolha, é um fato."

Mike Davidson, líder do grupo Core Issues Trust, acredita que a "homossexualidade é pecado". A sua associação financia "terapias reparadoras" para homossexuais cristãos para que estes possam "desenvolver o seu potencial heterossexual".
 
Ben Summerskill, da Stonewall, declarou que a publicidade era "claramente homofóbica" e que "a única razão pela qual as pessoas homossexuais querem parar de o ser o que são, é por conta do preconceito de pessoas como as que apoiam esta campanha. A promoção desta terapia voodoo é completamente irresponsável."

Brian Paddick, candidato a presidente da câmara de Londres pelo partido Liberal Democrata declarou: "pela minha própria experiência, como cristão e homossexual, posso dizer que é muito melhor estar fora do que dentro do armário. Deveríamos celebrar a diversidade pela qual Londres é reconhecida e não denegrir a cidade."

Se essas associações cristãs usassem seu tempo e dinheiro para ajudar aqueles que passam fome no mundo, por exemplo, estariam fazendo um papel bem mais digno. Mas, como eles tem verdadeira fixação na sexualidade alheia, preferem continuar disseminando o ódio contra pessoas que só buscam respeito e tolerância.

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