Um estudo envolvendo 35 países e 226 centros de saúde está avaliando os
resultados do início precoce para o tratamento contra o HIV.
Diferentemente do que se possa imaginar, o paciente nem sempre começa a
tomar os antirretrovirais logo após o diagnóstico. A avaliação é feita
caso a caso mas, segundo diretrizes do Ministério da Saúde, a terapia
para pessoas sem sintomas começa só quando a contagem das células de
defesa CD4 cai abaixo de 350 por mm3 de sangue.
Há exceções, como gestantes, pacientes com hepatite B ou C, com mais de
55 anos ou com carga viral alta, entre outras condições que pedem
tratamento com 500 ou menos células por mm3.
A pesquisa "Start", que no Brasil é coordenada pelo Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e pela UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro), está recrutando soropositivos com contagem
de células de defesa acima de 500/mm3. Eles são divididos em dois
grupos: um fará o tratamento segundo as diretrizes atuais e o outro já
receberá os remédios.
Segundo o infectologista Luiz Carlos Pereira Junior, do Emílio Ribas, o
instituto já acompanha 96 pessoas e está recrutando participantes. A dúvida sobre iniciar ou não o tratamento tem a ver com os efeitos colaterais causados pelos antirretrovirais.
Quando o tratamento com essas drogas começou, diz o médico, a tendência
era o início imediato. Depois, quando se observou que os remédios
causavam muitos efeitos colaterais, como alterações metabólicas, alta no
colesterol, entre outros, os médicos colocaram o pé no freio.
"Foram sendo colocados limites. Primeiro, começávamos quando a contagem
de CD4 caía a menos de 200 por mm3. Depois, isso foi para 350 e, nos
últimos anos, têm surgido evidências de benefício para um início mais
cedo."
O infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos,
lembra que pesquisas recentes mostraram que os antivirais reduzem em 90%
o risco de transmissão do HIV. "A tendência hoje é tratar
independentemente da contagem CD4."
TRATAMENTO DEVE SER ADOTADO NO PAÍS
As novas diretrizes para o tratamento de pessoas com HIV, a serem
publicadas pelo Ministério da Saúde ainda neste semestre, devem seguir o
caminho da terapia precoce, segundo o infectologista Ronaldo Hallal,
coordenador de cuidado e qualidade de vida no Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais.
"O ministério está atento às novas evidências científicas. Hoje há
remédios menos tóxicos e mais fáceis de tomar." Segundo Hallal, 217 mil
pessoas com HIV estão tomando antirretrovirais por meio da rede pública.
Acrescentando os soropositivos com contagem de células de defesa entre
350 e 500 por mm3 de sangue, que fariam a terapia precoce, seriam mais
20 mil. O custo das drogas é de R$ 800 milhões por ano.
O infectologista Artur Timerman explica que, apesar de expor o paciente
antes aos efeitos colaterais, tratar mais cedo freia a multiplicação dos
vírus e bloqueia o surgimento de cópias do HIV que resistem aos
remédios.
Mas, se a pessoa não tomar os antivirais com regularidade, esse risco
aumenta, diz Luiz Carlos Pereira Junior, do Emílio Ribas. Deixar o
paciente sem tratamento, mesmo com alta imunidade, porém, causa
problemas que levam a envelhecimento precoce.
"Uma pessoa que se contamina hoje tem mais décadas de vida. Tratar cedo
vai preservá-lo dos efeitos da multiplicação viral? Só podemos responder
por meio de um estudo clínico com número grande de voluntários."
Fonte: Folha de São Paulo
Interessante e espero mesmo que adotem esses novos procedimentos. No entanto, desde que o governo Dilma começou, a qualidade do atendimento médico pelo SUS à Aids e aos soropositivos caiu muito. Não falta os remédios do coquetel, mas falta outros que precisam ser tomados, como polivitaminicos e remédios para colesterol, falta até remédios comuns, que protegem o estômago e faltam antibióticos. O Programa anti-aids brasileiro, antes excelência e referência hoje está apenas mediano para baixo. E , estranhamente, os impostos que pagamos continuam altíssimos e vergonhosos...
ResponderExcluirBeijos,
Ricardo Rocha Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br