Por: Julio Marinho
Eu sou dessas pessoas que ainda acreditam num futuro melhor. Não tanto quanto gostaria, ou deveria, mas acredito.
Eu sou dessas pessoas que ainda acreditam num futuro melhor. Não tanto quanto gostaria, ou deveria, mas acredito.
Eu acredito que um dia, bem lá na frente, nós teremos nossos direitos assegurados. É evidente que eles não virão todos embrulhadinhos num lindo pacote dourado enfeitado com um laçarote nas cores do arco-íris - não que essa seja uma má ideia -, mas, o mais provável mesmo, é que nos sejam oferecidos em pequenas doses homeopáticas. Enfim, é igualmente óbvio que esses direitos não nos serão entregues assim de mão beijada, muito pelo contrário, teremos que continuar lutando arduamente por eles.
Mas, enquanto esses direitos não nos chegam, continuamos a enfrentar discriminação em todas as áreas da vida. Continuamos sem nenhuma, eu disse nenhuma, lei federal que impeça que alguém seja demitido ou recusado em um emprego com base na sua orientação sexual. Continuamos sem o direito de nos casar ou adotar, só para citar alguns exemplos. Além disso, continuamos sendo marginalizados e estigmatizados pela sociedade heteronormativa e demonizados pelas religiões judaico/cristãs/islâmicas.
A homofobia continua sendo um preconceito legalmente aceito. Discriminar cidadãos e cidadãs LGBTs se tornou algo difundido e disseminado por políticos e líderes religiosos sem o menor constrangimento. Paralelamente, nosso governo se rende a grupos fundamentalistas e transforma o Congresso Nacional em um verdadeiro balcão de negócios.
Enquanto isso, grande parte da opinião pública, manipulada por esses mesmos grupos fundamentalistas, nos acusa de exigir privilégios e regalias. Pura falácia! Exemplo: numa união entre um casal heterossexual, quando um dos membros vem a falecer, o outro automaticamente passa a dispor dos bens do casal, mas isso não acontece numa relação homossexual. Exigir essa equiparação não é um privilégio, é apenas uma questão de igualdade. Até porque, ninguém sai perdendo com essa equiparação, pelo contrário, ganhamos todos. Não há nenhum dano para a sociedade causado pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, desafio qualquer um que me aponte algum prejuízo que esse tipo de relação possa vir a causar a sociedade.
Outra confusão criada em torno das nossas intenções, é essa alegação absurda de que estaríamos pretendendo nos casar em igrejas. Pura e maldosa invencionice. Em momento algum levantamos essa hipótese. Nossa luta é simplesmente pelo casamento civil. Essas mentiras e manipulações me assustam e me obrigam a questionar o caráter desses grupos. Nos acusam tanto de estarmos querendo destruir valores morais, no entanto, baseiam seus argumentos em fórmulas ultrapassadas sobre a sexualidade humana e direitos humanos básicos.
As pessoas precisam entender de uma vez por todas que, não queremos destruir nada, pelo contrário, só queremos construir uma sociedade melhor. Uma sociedade que olha todos os seus cidadãos da mesma forma. Afinal de contas, nós temos os mesmo deveres e pagamos os mesmos impostos, portanto, nada mais justo que tenhamos os mesmos direitos. Devemos lutar para que os direitos sejam respeitados e, ao mesmo tempo, ter consciência dos deveres e cumpri-los. Ser cidadão é fazer valer seus direitos e deveres civis e políticos. Nós não queremos direitos a mais, mas também não podemos aceitar direitos a menos. A nossa realidade é que, teoricamente somos iguais, mas na prática, uns sãos mais iguais que os outros. No entanto, a grande verdade é que, se a igualdade não é para todos, não é igualdade!
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