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A intolerância dos fundamentalistas da bancada evangélica se mostra
cada vez mais ameaçadora e passível de qualquer manobra para desviar a
atenção da sociedade de sua cortina de fumaças. Desta vez é o Projeto de
Decreto de Lei (PDL) do deputado João Campos (PSDB/GO), líder da Frente
Parlamentar Evangélica, que busca sustar a aplicação do parágrafo único
do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia
nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os
psicólogos em relação à questão da orientação sexual.
Não bastasse a inconstitucionalidade do projeto, que contraria os
princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988, a proposta vai
contra todos os tratados internacionais de Direitos Humanos que têm como
objetivo fundamental o direito à saúde, a não discriminação e a
dignidade da pessoa humana, como a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, entre outros.
Com essa proposta, que busca legalizar a "cura gay", o deputado, por
convicções puramente religiosas, se considera no direito não só de ir
contra os direitos humanos de milhões de cidadãos e cidadãs brasileiras,
mas também de desconstruir um ponto pacífico entre toda uma comunidade
científica: nem a homossexualidade, nem a heterossexualidade, e nem a
bissexualidade são doenças, e sim uma forma natural de desenvolvimento
sexual. São simplesmente diferentes e não há nenhuma dissidência quanto à
isso. O argumento de que a homossexualidade pode ser curada é usado sem
qualquer tipo de embasamento teórico ou científico e sempre por
fanáticos religiosos que tem com o objetivo confundir a população.
O PDL do deputado – o mesmo da PEC n° 99 de 2011, ou a "PEC da
Teocracia" que pretende que as "associações religiosas" possam "propor
ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade
de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal" – é, no
mínimo, criminoso e vai também contra os direitos à saúde da população,
pois sabemos que essas supostas terapias de "cura gay" nada mais são do
que mecanismos de tortura que produzem efeitos psíquicos e físicos
altamente danosos, que vão da destruição da auto-estima de um ser
humano, até o suicídio de muitos jovens - como ocorreu recentemente nos
Estados Unidos, onde mais um adolescente gay, de 14 anos, tirou sua
própria vida apos ter sofrido assedio homofóbico na
escola.
A tragédia ocorreu no Tennessee, estado dos EUA cujo Senado votava, há
um ano, um projeto de lei que proibia professores de mencionar a
homossexualidade em sala de aula e logo após outro adolescente gay do
Tennessee, Jacob Rogers, tirar sua própria vida. Alguns dias antes, mais
dois jovens norte-americanos também se suicidaram, depois de anos de
sofrimento: Jeffrey Fehr, 18, e Eric James Borges, de 19 (este último
cresceu em uma família fundamentalista cristã que inclusive tentou
exorcizá-lo).
Há uma preocupante confusão na sociedade incitada por esse
fundamentalismo religioso que precisa ser esclarecida antes que a saúde
física e psíquica de mais jovens seja afetada: ao contrario da religião,
a orientação sexual de um indivíduo não é uma opção. Se o Estado é
laico – como o é o brasileiro desde 1980 – questões de cunho moral e
místico não podem ser parâmetro nem para a elaboração das normas nem
para o seu controle. Valores espirituais não podem ser impostos
normativamente ao conjunto da população.
Como cidadão brasileiro homossexual e deputado federal que defende a
causa de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT),
entre outras, farei de tudo, em parceria com a Frente Parlamentar Mista
pela Cidadania LGBT e os parceiros e parceiras do mandato, para que essa
Proposta de Decreto de Lei não seja mais uma proposta que viole o
direito dos cidadãos e cidadãs brasileiras.
Jean Wyllys
Deputado Federal
Deputado Federal
Jean Wyllys, obrigado e força nessa luta que é de todos nós, brasileiros que acreditamos em direitos humanos e que somos ou fomos vítimas de violência e intolerância. É possível que vc sofra ataques pelo seu posicionamento, mas não se esqueça que estamos todos do teu lado nessa. Abraço, Marcelo
ResponderExcluirÉ isso ai Jean, as pessoas precisam entender que orientação sexual é parte da natureza.Nascemos homo, hetero ou bi. Quem podendo ter um perfil aceito pela sociedade iria optar por ums vida discriminada? ridiculo isso.
ResponderExcluirNão dá pra entender a mentalidade evangélica, que prefere o louvor individualista à Deus ao respeito ao próximo. Uma pena o Brasil ainda perder tempo com questões tão ínfimas, visto a pobreza e a desigualdade que assola o país. Se todo esse tempo perdido em projetos atrasados fosse revertido para o combate à corrupção, educação e saúde, com certeza estaríamos a um passo de virar uma nação desenvolvida.
ResponderExcluirBrasil, o país de maior retrocesso do mundo! Parabéns pela luta, deputado. Não podemos deixar "bispos" atrasarem tantas conquistas na legislação.
EU COMO LESBICA ASSUMIDA..ACHO UM ABSURDO QUE ESSA BANCADA EVANGELIGA QUEIRAM FAZER ESSE TIPO DE COISA.COM TANTA COISA PRA SE PREOCUPAREM EM RELACAO AO NOSSO PAIS.NA VERDADE ACHO QUE SO QUEREM APARECER.ATE PARECE QUE NAO EXISTAM COISAS MAIS IMPORTANTES .MAIS EM FIM,AS PESSOAS TEEM QUE APRENDER A RESPEITAR E LIDAR COM AS DIFERENCAS.RESPEITO TODAS AS RELIGIOES.MAIS ESSA BANCADA NAO MERECE RESPEITO ALGUM.HOMOXUALIDADE NAO E DOENCA E NEM OPCAO.SOMOS ASSIM! NASCEMOS ASSIM
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