E o Papa volta a atacar o casamento igualitário

O Papa Bento XVI disse ontem que o casamento gay é uma das graves ameaças que minam a família tradicional, "o futuro da humanidade".

O pontífice fez um de seus discursos mais virulento contra o casamento gay, em um pronunciamento de ano novo a diplomatas de 180 países no Vaticano, em que se referiu a questões econômicas e sociais que o mundo enfrenta hoje.

"O contexto familiar é fundamental para o percurso educacional e de desenvolvimento dos indivíduos e estados, portanto, uma necessidade de políticas que valorizem e promovam a coesão social e o diálogo", disse Bento XVI aos diplomatas.

Segundo Ratzinger, a educação das crianças precisa de "lugares" adequados, e que "em primeiro lugar vem a família fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher."

"Não é apenas uma convenção social, mas sim a célula fundamental da sociedade. Consequentemente, as políticas que são um ataque contra a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade", disse ele.

Autoridades do Vaticano, e católicos em todo o mundo, têm protestado contra os esforços para legalizar o casamento gay na Europa. Além disso, nos EUA, um dos principais defensores dessa causa é o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que será sagrado cardeal pelo papa em fevereiro.

Recentemente em nota, Dolan criticou o presidente Barack Obama por sua decisão de não apoiar uma proibição federal ao casamento homossexual, e alertou que essa política pode "precipitar um conflito nacional de enormes proporções entre a Igreja e o Estado".

Esses ataques a comunidade LGBT por parte da Igreja Católica não são novidade, vez por outra líderes dessa instituição vem a público vomitar sua intolerância. Os motivos são muitos, mas talvez o mais gritante seja o fato da igreja tentar desviar o foco das atenções sobre o fato de estar imersa em escândalos de abuso sexual por parte de seus sacerdotes.

Enquanto a igreja católica, com 1.300 milhões de membros ao redor do mundo, prega que as tendências homossexuais não são pecado, mas que os atos homossexuais são, e que as crianças devem crescer em uma família tradicional com um pai e uma mãe, foi concluído no mês passado, o relatório da comissão criada em 2010 na Holanda para investigar os abusos sexuais cometidos pelos sacerdotes católicos. Estima-se que entre 10.000 a 20.000 casos aconteceram desde 1945. O relatório revelou que, dos 800 sacerdotes supostamente identificados, cerca de 100 ainda estão vivos.

Além disso, de acordo com a comissão, mesmo estando ciente desses fatos, a igreja católica optou pela lei do silêncio.

Várias associações de defesa destas vítimas pedem a abertura de uma ação judicial contra o Vaticano perante o Tribunal Penal Internacional. Eles querem uma investigação para que se acabe com a impunidade.

A hipocrisia é tão gritante, que fica até difícil acreditar que alguém leve a sério tais declarações. Mas, infelizmente existem essas pessoas que, não só acreditam como também reproduzem esse discurso de ódio. Ao mesmo tempo que essas declarações afastam alguns seguidores dotados de bom senso, elas também severm como chamariz para fundamentalistas e, além disso, incentivam e validam ações de violência.

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