Gays sofrem mais violência dentro da própria casa.

Segundo reportagem do Jornal O Dia, um levantamento feito pela Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, da Secretaria de Direitos Humanos do estado, revela que a maioria das vítimas de homofobia na capital já foi agredida por parentes e amigos.

A reportagem trás alguns relatos como o do ativista Felipe Gomes, 30 anos, que conta ter sido mantido em cárcere privado e isolado da família dentro de casa. "Ela (mãe) me manteve trancado por 20 dias num cômodo nos fundos da nossa casa. Não me deixava nem usar o mesmo banheiro que meus irmãos. Minhas roupas de cama, de banho, tudo era separado como se estivesse contaminado por alguma doença que ela não queria que fosse transmitida para a família".

Felipe disse também que nessa época foi salvo pelo pai:  "Quando ele soube, me levou para viver com ele. Hoje consigo ver que minha mãe foi tão vítima quanto eu, porque a homofobia foi embutida nela por essa nossa sociedade machista. Só espero que, assim como ela aprendeu a me aceitar, a sociedade também aprenda", concluiu Felipe.

Chaw Johnson, transsexual, 18 anos: espancada por colegas durante uma aula de educação física, conta que abandonou os estudos por medo de voltar a sofrer violência. "Estava jogando futebol com os garotos quando perdi um gol. Irritados, eles começaram a me empurrar e a puxar meu cabelo, dizendo que eu devia ir brincar de boneca. (...) Em pouco tempo, me jogaram no chão e tiraram minha roupa, me deixando totalmente nua. Fiquei com tanta vergonha que comecei a chorar. Como ninguém foi punido, preferi ir embora antes que fizessem de novo", contou Chaw, que só superou o trauma e concluiu os estudos após passar por sessões de apoio psicológico no Centro de Referência do Rio.

Gil Pires, lésbica, 34 anos: vítima de preconceito por sua orientação sexual, escapou por pouco de ser linchada na Praia de Copacabana: "Estava passeando com um amigo gay e tivemos que correr muito para escapar de um grupo de pitboys que tentou nos pegar".

Ainda segundo o levantamento o local de trabalho aparece em segundo lugar nas estatísticas de atendimentos do Centro de Referência da Cidadania LGBT da capital. E, "Agressões verbais e ameaças são as formas de violência mais recorrentes, com 44,3% e 32,2% das queixas, respectivamente. A cada seis casos denunciados, em pelo menos um a ameaça se concretiza. Entre o público LGBT, as principais vítimas de agressões são os gays, vítimas em 48,3% dos casos denunciados. Eles superam lésbicas (19,7%) e travestis, com 13,9% das ocorrências registradas no município que, desde 2009, ostenta título de principal destino gay do mundo."

Fácil perceber que a forma de preconceito mais cruel é contra os cidadãos LGBTs. Enquanto todas as outras vítimas de discriminação podem, de uma forma ou de outra, ter o apoio dos seus familiares, os LGBTs encontram o desprezo e, muitas vezes, manifestações de violência, tão ou mais graves, do que as enfrentadas nas ruas.

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