Há pouco mais de um ano, o deputado federal Jean Wyllys
(PSOL-RJ) começava de maneira tímida a sua campanha por uma vaga no
Congresso. Um dos principais ativistas na luta pelos direitos LGBT, hoje
ele é um dos favoritos a receber o prêmio Congresso em Foco, que elege o
melhor parlamentar do ano, e desfruta de um status inusitado para
alguém que acaba de ingressar na vida política.
"Se
eu disser que não esperava todo esse sucesso, estaria mentindo",
garante Wyllys, que ficou famoso em todo o país após vencer uma edição
do programa Big Brother Brasil. "Só não esperava que isso aconteceria tão rápido.
Houve toda uma conjuntura que ampliou a visibilidade da luta pelos
direitos dos homossexuais nesse ano e acabou me beneficiando, como a
questão do kit anti-homofobia. Mesmo assim, eu sempre tive a consciência
de que, uma vez eleito, teria repercussão e faria um bom trabalho".
Hoje, o ex-BBB lidera a disputa pelo título de melhor parlamentar na
frente de figuras conhecidas da política brasileira, como Chico Alencar
(PSOL-RJ), ACM Neto (DEM-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). No Twitter,
ele é um dos deputados federais com maior número de seguidores: 56 mil.
Apesar da popularidade, Jean Wyllys reconhece que trava uma batalha
árdua pelos direitos LGBT num Congresso que ele considera cheio de
"Bolsonaros" escondidos.
"Bolsonaro é uma caricatura dos grupos conservadores e homofóbicos.
No entanto, gente como ele prevalece no Congresso", lamenta o deputado.
"Os conservadores estão em maior número e tem muita força política. Há
vários que pensam exatamente como ele entre os deputados, só não abrem
isso para o público".
O preconceito por defender uma causa
polêmica foi apenas o primeiro item na lista de dificuldades que Jean
Wyllys teve em Brasília. Antes, ele teve que viver com o estigma de ser
visto apenas como "um ex-BBB".
"Eu fiz uma campanha com
pouquíssimos recursos, por isso não chamei muita atenção até se darem
conta de que eu tinha sido eleito. Não sofri preconceito no Congresso
por ser um ex-BBB, mas a mídia foi bem cruel. Alguns jornalistas achavam
que eu tinha nascido num programa de televisão
e que minha vida se resumia àquilo. No entanto, mostrei a eles com o
meu trabalho que não é bem assim", conta o deputado, que tenta fugir da
imagem de um político concentrado excluisvamente em uma causa. "Assinei o
pedido da CPI da Corrupção, mas não vejo muita esperança. Um Congresso
que absolve Jaqueline Roriz não tem cara para exigir honestidade".
Apesar do sucesso nas redes sociais, Jean Wyllys diz que a força na internet
é bem diferente das urnas. Para o deputado, as redes sociais refletem
apenas a realidade de uma minoria que tenta acompanhar de perto os
candidatos em quem votou.
"A massa, a maior parte do
eleitorado, não acompanha a atividade política dos parlamentares que
ajudou a eleger. Não estou querendo fazer uma distinção entre um bom e
um mau eleitor, mas as pessoas que seguem os políticos no Twitter
geralmente estão tentando acompanhar seu trabalho. É um outro perfil de
eleitor, mas que não é a maioria", avalia Wyllys. "Vale lembrar que a
popularidade na internet mostra que há pessoas me apoiando no Brasil
inteiro. Eu realmente tento fazer um mandato federal, representando não
só o Rio, mas todo o país. Só que isso não garante voto. Não importa ter
milhares de seguidores espalhados por todo o país se apenas um estado
pode votar em mim".
Fonte: JB
Fonte: JB
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