Politicamente incorreto ou precoceito renovado?

A moda agora é ser "politicamente incorreto". O termo utilizado por 9 entre 10 "descolados" da vez, nada mais é do que um disfarce barato e tosco para velhos preconceitos.  

Tentar ser engraçado fazendo piadas(?) que, validam e reforçam preconceitos, nada têm de novo, pelo contrário, é velho e ultrapassado. O que há de novo em piadas antissemitas, machistas, misóginas, homofóbicas, xenofóbicas e racistas?

Essas piadas são apresentadas como sendo "sarcasmos inteligentes". O que eles chamam de sarcasmo, eu chamo de grosseria. Fugir do politicamente correto é uma coisa. Demonstrar-se um cretino arrogante é outra totalmente diferente.

Vários "humoristas" têm utilizado desse expediente para driblar, ou pelo menos tentar, a acachapante falta de talento. O pior de tudo é que tem muita gente que embarca nessa onda.

Alguém pode me dizer o que há de tão engraçado em dizer que, "mulher feia que é estuprada não tem que reclamar, tem que agradecer", ou "a última vez que eles (judeus) chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz"? Rafinha Bastos e Danilo Gentili, autores das "piadas", insistem que sim, e dizem que a função do humor é provocar. Provocar o quê, revolta e indignação? É esse o objetivo do humor? Bem, se isso é ser engraçado, significa que eu passei toda a minha vida enganado, achando que o humor fosse outra coisa, mas enfim.

Na ânsia de se apresentarem como pioneiros e combater o "politicamente correto", esses humoristas soam como velhos e ultrapassados. Sob a capa de libertários e transgressores, acabam se tornando tão ou mais conservadores do que aqueles que julgam combater. Estufam eles o peito e, como se fossem os novos paladinos da liberdade de expressão, repetem os velhos chavões preconceituosos que lutamos tanto para derrubar. Para mim tudo isso revela um sentimento raivoso, ressentido e mal resolvido, que serve, como uma luva, a interesses conservadores e reacionários.

Sim, eu sei que serei execrado por esse texto, mas penso mesmo que há um problema de valores evidente. Somos nós, os que vivemos na base da pirâmide social, vendo seus direitos vilipendiados, sua dignidade achincalhada e que vivemos diante da realidade e do escárnio do "politicamente incorreto", que sentimos na pele seus efeitos. Não, não é coitadismo, é a simples constatação da realidade que vivo.

Para os defensores do "politicamente incorreto" é muito fácil, afinal de contas, não são eles os humilhados ou os prejudicados da história. Eles podem se dar ao luxo de dizer que se cansaram da nossa luta por direitos civis. Desculpem, mas para mim, não passam de rebeldes sem causa. Nadam numa onda de rebeldia para vender mais. Arrotam "politicamente incorreto" e cagam racismo, machismo, misoginia, antissemitismo, xenofobia e homofobia. Nada mais burguês, reacionário e retrogrado.





Comentários

  1. Concordo plenamente com suas colocações... É mto fácil chamar de sarcasmo quando vc não é o motivo da piada!

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  2. A coisa só engraçada quando não é contigo. Usar as pessoas como material para piada num tem graça, mesmo!

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