Morre o "Último Triângulo Rosa".

Rudolf Brazda
O homem que, foi enviado a um campo de concentração nazista por ser gay, morreu nesta quarta-feira aos 98 anos de idade.

Rudolf Brazda era o último sobrevivente que havia sido internado pelo regime nazista por conta de sua homossexualidade. Ele era conhecido como "o último dos triângulos rosa", em referência ao símbolo que estigmatizava os homossexuais.

 Sua morte foi anunciada pela filial de uma Associação LGBT de Berlim (LSVD), que não deu mais detalhes sobre a causa da morte.

O funeral será realizado na próxima segunda-feira (8) em Mulhouse, ao sul de Bantzenheim, na França.

Nascido em 26 de junho de 1913 na Saxônia (leste da Alemanha), em uma família tcheca de língua alemã. Brazda era abertamente gay e trabalhou como carpinteiro antes de os nazistas chegarem ao poder.

Em 1937, ele foi preso após uma investigação da polícia secreta e preso por seis meses.

Após ser libertado, ele se afastou e continuou trabalhando, mas quatro anos depois, em agosto de 1942, ele foi novamente detido e levado para o campo de concentração de Buchenwald (centro da Alemanha) por ter cometido o "crime" de manter relações homossexuais.

Brazda permaneceu em Buchenwald durante três anos, entre 1942 e 1945. Lá ele trabalhou em serviços pesados onde foi testemunha das atrocidades praticadas a outros prisioneiros gays.

Quando foi libertado de Buchenwald, Brazda se mudou para a região de Alsácia ao leste da França, onde conheceu seu parceiro, que veio a falecer em 2003.

Rudolf Brazda saiu do anonimato em 2008, quando a Alemanha inaugurou um monumento para homenagear os "triângulos rosas" e anunciou que apenas uma testemunha do horror permanecia viva. Um mês depois foi o convidado de honra da Parada do Orgulho Gay de Berlim. Na ocasião Brazda usou uma camisa rosa e depositou flores diante do novo memorial na presença do prefeito da capital alemã, KlausWowereit, também homossexual. Brazda também foi homenageado com o título de cavaleiro da Legião de Honra.

Apesar de sua idade, Rudolf continuava a falar sobre a perseguição e intolerância e alertava os jovens a permanecerem vigilantes.

Rudolf foi um dos autores do "Itinerário de um Triângulo Rosa", onde relembrou os 32 meses passados no campo de concentração, os trabalhos forçados, a presença da morte, as agressões e as humilhações.

Durante o regime nazista, cerca de 100.000 gays - e algumas lésbicas - foram presos por homossexualidade.

Entre 10.000-15.000 gays foram enviados para campos de concentração, onde poucos sobreviveram.

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