Primeiro casamento gay em Cuba, desafiou a homofobia de Fidel Castro.

O evento coincidiu com o aniversário de Fidel Castro, talvez, para lembrar as atrocidades que o ditador cometeu contra a comunidade LGBT cubana.

Um homem gay e uma mulher transexual se casaram neste sábado em Cuba. Esse foi o primeiro matrimônio desse tipo na Ilha. A noiva, Iriepa Wendy, de 37 anos, chegou ao salão de casamento em Havana durante a tarde, em um velho Ford conversível, e usando um vestido de noiva branco, com flores no cabelo e segurando uma bandeira do orgulho gay com as cores do arco-íris. Os moradores locais deixaram suas casas para assistir a cerimônia e os jornalistas cercaram o carro.

"Este é o primeiro casamento entre uma mulher transexual e um homem gay", disse o noivo, Ignácio Estrada, 31 anos. "Estamos comemorando em voz alta, e afirmando que este é um passo a frente para a comunidade gay cubana."

A cerimônia civil foi breve, e ao final, os noivos se beijaram sob os aplausos de amigos e familiares.

O casamento LGBT ainda não é legal em Cuba, e o casamento desse sábado, não muda em nada  essa situação. Acontece que Iriepa, nascido Alexis, é uma mulher aos olhos da lei.

A operação de mudança de sexo de Iriepa, realizada em 2007, fez parte de um programa-piloto de operações de mudança de sexo, realizado pelo sistema universal de saúde  da Ilha.

Após a revolução de 1959, liderada por Fidel Castro, a homossexualidade passou a ser considerada altamente suspeita, juntamente com outras formas "alternativas" de expressão, como a maneira de se vestir e o rock and roll, que eram considerados influências negativas vindas dos EUA.

Muitos homens gays foram demitidos de seus empregos, enviados para campos de trabalhos forçados e enviados ao exílio. Este clima de perseguição foi descrito de forma contuntente pelo escritor Reinaldo Arenas, na autobiografia "Before Night Falls", que mais tarde foi transformado em filme, estrelado pelo ator Javier Bardem. Arenas era gay assumido e foi uma das vítimas do regime. Foi perseguido, preso, torturado e só se salvou porque conseguiu fugir para os EUA, onde permaneceu até sua morte prematura vítima da AIDS. Aconselho a todos lerem o livro e/ou verem o filme, é emocionante.

A homofobia ainda esta muito presente em Cuba, mas a ilha e seu governo têm se mostrado mais tolerantes atualmente.

Por ironia do destino, a mais proeminente ativista pelos direitos gays do país é justamente Mariela Castro, sobrinha de Fidel e filha de Raúl Castro. Ela atualmente dirige o Centro Nacional de Educação Sexual da Ilha.

Em um evento transgênero realizado na sexta-feira, Mariela Castro falou do trabalho da sua instituição, incluindo campanhas anti-homofóbicas além de pressionar o Estado para cobrir as operações de mudança de sexo. Mariela também tem feito campanhas para a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

"Uma das nossas conquistas foi permitir que Wendy se casasse", disse Mariela. "Aparentemente, ela encontrou o amor de sua vida e desejo-lhe muita felicidades, porque todo o nosso trabalho tem sido para isso, para o bem-estar e felicidade dos nossos irmão e irmãs."

Como muitos outros eventos em Cuba, o casamento desse sábado foi politizado e as palavras de congratulações de Mariela Castro contrastam com as divisões estabelecidas dentro do movimento gay cubano.  Alguns  a acusam de monopolizar a causa e começam a trabalhar por conta própria.

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