Livro reúne 270 filmes com temática LGBT.


Mês passado foi lançado o livro "Cine Arco-Íris - 100 Anos de Cinema LGBT nas Telas Brasileiras" , do escritor e jornalista Stevan Lekitsch. O autor, envolvido com as mídias LGBT desde os anos 90, faz uma analise com resenhas de mais de 270 filmes com temática LGBT exibidos no Brasil. 

Lekitsch levou cerca de dez anos pesquisando o tema e o resultado é, além de resenhas críticas, ficha técnica e curiosidades de bastidores dos filmes. O livro começa com uma análise histórica do surgimento do cinema, em 1895, e chega até o fim da década de 1940, onde a temática LGBT era tabu. Os destaques desta época são, Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock, em que a homossexualidade dos protagonistas fica apenas subentendida, e A rainha Cristina (1933), estrelado por Greta Garbo, que faz o papel de uma monarca bissexual.


Já na década de 50, onde havia um pouco mais de abertura, os filmes começam a abordar a homo, a bi e a transexualidade de maneira mais ousada. Dessa fase os destaques ficam por conta dos filmes Glen ou Glenda (1953), e A malvada (1950).


A lista é extensa e bem interessante. Abaixo há uma entrevista que o autor deu ao Jornal do Pará. O mais interessante é que ao final da entrevista, ou autor faz um top 5 de filmes LGBTs que quase combinam com o meu. O meu top 5 seria: Essa Estranha Atração, Delicada Atração, Ander, De Repente Califórnia e Filhote.




Entrevista:



P: Como surgiu a ideia de escrever o livro?



R: Foi por conta da reclamação de amigos, que só conheciam os filmes mais básicos e queriam assistir a outras produções sobre o tema. Foi então que comecei a pesquisar sobre filmes cada vez mais antigos e cheguei ao início da história do cinema.



P: Hoje em dia é cada vez mais comum pessoas “saírem do armário”. A que você atribui esse fenômeno?



R: Existe uma aceitação cada vez maior entre a sociedade, que está mais aberta, mais acolhedora, apesar do preconceito ainda existir. Quanto mais o assunto se tornar comum, mais as pessoas se sentirão à vontade para se assumirem, sem repressão, sem medo, sem culpa.



P: Existe uma procura grande por filmes do gênero pelo público LGBT. Quais as expectativas de venda no mercado?



R: O livro tem várias peculiaridades. É o primeiro e único até agora que fala sobre o assunto. Ele foi feito com uma linguagem fácil e acessível, para que realmente seja um companheiro na locadora.



P: Quanto tempo você levou para reunir os 270 filmes e o que constatou sobre essa seleção?



R: Foram mais de três anos de pesquisa, assistindo filme a filme de uma listagem inicial, e eliminando os que não tinham a ver com o livro. Constatei que existem filmes de todas as épocas e sobre todas as sexualidades, que variam apenas na intensidade de seus personagens.



P: Que ideia você quer passar para seus leitores?



R: Que as diferentes sexualidades estão presentes no cinema desde a sua criação, e não se trata apenas de uma aparição recente, mas desde que a sétima arte existe.



P: Como funcionam os bastidores da indústria cinematográfica LGBT?



R: Ainda são filmes realizados por produtoras independentes, na sua maioria. Mas quanto mais o cinema LGBT está tomando corpo, mais grandes produtoras estão se interessando pelo tema. A tendência é que se torne um tema tão comum quanto todos os outros já abordados pelo cinema.



P: Você acha que essa indústria deveria investir mais no gênero? De que forma?



R: Creio que sim, pois já foi comprovado que filmes sobre o tema ganham bastante plateia, seja LGBT ou de pessoas curiosas. A forma é escrever mais roteiros sobre o tema e colocar isso nas telas. Existem muitas biografias, histórias verídicas e histórias originais que podem ir para as telas com muito sucesso.



P: Como você vê a aceitação do público LGBT hoje na sociedade?



R: Aos poucos, bem aos poucos, esse público está sendo visto como consumidor. Então cada vez mais estão sendo criados produtos para atrair e valorizar esse público. E isso inclui o cinema.



P: O mercado para esse público está crescendo? Por quê?



R: Sim, é um mercado em franca expansão, por conta de conquistas em todas as áreas - jurídica, trabalhista, entre outras. Isso faz com que cada vez mais pessoas tenham uma vida mais franca. E esse público recém-saído do armário é ávido por consumir tudo o que diz respeito a ele.



P: Como é feita a divulgação dos filmes LGBT?



R: Cada vez mais estão sendo divulgados como filmes comerciais. Mas ainda utiliza-se muitos sites, blogs e salas de cinemas especializadas nesse tipo de público.



P: Faça um Top 5 de filmes LGBT. Aqueles imperdíveis.



R: De Repente Califórnia, Essa Estranha Atração, Milk, O Segredo de Brokeback Mountain e Delicada Atração.





*Sobre o autor: Stevan Lekitsch, 38 anos, é paulistano. Bacharel em Comunicação Social com especialização em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), já trabalhou em diversas mídias – tanto virtuais como impressas – voltadas para o público LGBT, como o Portal Mix Brasil, a G Online, a OK Magazine e a G Magazine.



Gay assumido desde os 14 anos e ativista fervoroso, esteve presente em todas as Paradas LGBT da cidade de São Paulo. Autor de dezenas de matérias sobre cinema, em 2005 adaptou para o teatro o livro O terceiro

travesseiro (Edições GLS), de Nelson Luiz de Carvalho, obtendo grande sucesso de público. Atualmente, também é assessor de imprensa de grandes empresas.



*Informações retiradas do próprio site do autor.








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