Parada do Orgulho Gay versus Marcha para Jesus.


Com a proximidade entre a Marcha para Jesus e a Parada pelo Orgulho Gay, em São Paulo, tornou-se evidente o clima de guerra entre essas duas manifestações gigantescas. Se de um lado estão os LGBTs exigindo respeito, dignidade e igualdade de direitos, do outro estão aqueles que pretendem impedir essas conquistas. Mas porque, afinal de contas, cristãos – principalmente os evangélicos – têm essa obsessão? O que eles temem, já que, a conquista por respeito, dignidade e igualdade de direitos dos LGBTs, não vai atrapalhar em nada a vida dessas pessoas?

Hummm, ai é que está o ponto, vai atrapalhar sim. LGBTs por característica e definição, são amantes da liberdade, já os cristãos... Se amanhã ou depois, por um passe de mágica, a homossexualidade fosse encarada como algo natural, já que é mesmo, os cristãos perderiam metade dos seus fiéis, isso no mínimo. Além disso, os tais programas de reversão(?) da homossexualidade deixariam de existir, e com eles, muita grana deixaria de ir para as sacolinhas dos “paxtô”.

Mas o mais grave mesmo, é a questão da liberdade. Permitir que a possibilidade de ser livre, entre nas cabecinhas ocas dos “crente”, seria uma verdadeira catástrofe para os cofres ungidos. Imaginem só o prejuízo, se esse povo resolvesse começar a ter ideias libertárias, começasse a questionar, começasse a querer saber onde vai parar o dinheiro dos dízimos, pior, quisessem saber o porquê dos dízimos? Como a “paxtoiada” iria fazer para continuar comprando Tvs, Rádios, iates, carros de luxo, jatinhos, mansões, viagens etc? 

Outro ponto de conflito é a politização das partes. Enquanto os LGBTs tem pouca noção de mobilização política, os “crente” se jogaram de cabeça nela. Líderes cristãos se infiltraram na política e se sentiram muito a vontade, até porque, lá eles encontraram o ambiente perfeito para realizar seus conluios, manobras e toda sorte de manipulação a que, estão pra lá de acostumados. Basta ver os discursos inflamados, carregados de preconceitos e ataques a diversos segmentos da sociedade, dos líderes políticos/religiosos.

Enquanto a Marcha tem um viés mais político, a Parada prima pela exaltação da liberdade e alegria. Nesse ponto, me parece haver uma inversão. A Marcha para Jesus, por motivos óbvios, é que deveria ter esse caráter de exultação, enquanto a Parada, deveria ter, além da alegria e descontração, um tom mais político, já que, existe a demanda por direitos e cidadania. Em resumo, enquanto uma, apesar da falta de uma maior mobilização política, busca conquistar direitos, a outra, de forma intolerante e preconceituosa, visa não permitir que esses direitos sejam conquistados.

Ontem, durante a Marcha para Jesus, através das redes sociais, ficava evidente esse clima de disputa. No Twitter, por exemplo, algumas manifestações beiravam a histeria. O destaque ficou por conta de uma senhora evangélica, de 68 anos, chamada Jovelina das Cruzes. Uma reportagem do portal IG revelou o episódio em que Dona Jovelina, ao ouvir as barbaridades proferidas pelo “paxtô” Silas Malafaia, e repetidas pelo gado, teria dito: "Vocês estão falando sobre o que não conhecem. Meu sobrinho é gay e é um rapaz maravilhoso. Ótimo filho, muito educado, muito honesto e estudioso. Já o meu filho é machão e vive batendo na esposa, não respeita ninguém, não para no emprego". Ao virar as costas para continuar sua marcha solitária, Dona Jovelina ouviu alguém dizer: "Cuidado, tia. Se o pastor escuta a senhora falando uma coisa dessas ele não deixa mais a senhora entrar na igreja". Dona Jovelina então, corajosamente retrucou: "Igreja é o que não falta por aí. Se me impedirem de ir em uma, vou em outra. Não tem problema".

A sabedoria e coragem dessa senhora comoveu a todos. Não tardou para que a lição de moral de Dona Jovelina das Cruzes. entrasse nos TTs(Trend Topics), espécie de ranking dos assuntos mais falados no microblog. 

Dona Jovelina nos mostrou, por incrível que possa parecer, que é possível haver vida inteligente no meio gospel.


Comentários

  1. Ótimo texto, e em relação à D. jovelina mencionada acima tenho um comentário importante tbm. o próprio Estevan Hernandes, líder da Renascer q promove a marcha pra Jesus disse que eles não tem nada a ver com a questão de combater a PLC 122, quem está fazendo essas manifestações ridículas é Silas Malafaia e bispo Marcelo Crivella.

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  2. O sobrinho dela pode ser gay e maravilhoso, mas iguais a ele o inferno está cheio. No fim das contas, o salário de pecado é a morte, e o lugarzinho de cada um de vocês que não se arrependerem está reservadinho lá, ok? À propósito, tem dormido bem à noite?

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    1. Ô seu anônimo sei lá das quantas: pelo amor de D'us, sua consciência não dói nem um minuto sequer, ao postar palavras estas tão ridículas, antifraternas e sem cabimento algum? Quem você acha que é, pra dizer que lá no inferno tem um lugarzinho reservado pra essa ou para aquela pessoa? Agora já estás assentado nos tribunais divinos, pra ficar julgando os teus semelhantes e sentenciando o seu destino, é isso? Quem tem tal atribuição, Quem julga os vivos e mortos é só Deus e ninguém mais; ao invés de ficar julgar, condenando e criticando, ore apenas, e ame os teus semelhates incondicionalmente, sejam eles ou não os teus inimigos...

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    2. O único fato que eu gostaria de entender é por que os evangélicos se veem na necessidade de falar mal dos homossexuais... Se alguém nasce com tendências homossexuais vai ser para o resto da vida (encubado ou não), ache a sociedade ruim ou mal. Não haverá exorcismo que dê jeito.

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  3. Sim segundo anônimo,durmo maravilhosamente bem, ainda mais ao lado do meu querido e amado companheiro. Aliás, a mais de 15 anos.

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  4. amar o teu próximo como a ti mesmo,independentemente da orientação sexual dela que,é um problema exclusivamente dela,ok?Deus é amor,não preconceito.acho uma hipocrisia absurda,usar o glorioso nome de Deus,para justificarem seus preconceitos.

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