Guilherme Rodrigues |
“HIC SUNT DRACONES” Esta expressão do latim, que significa “Aqui há dragões”, usada na idade média para designar territórios desconhecidos ou perigosos, deveria estar em placas por todas as imediações da Av. Paulista, em São Paulo, já que, mais uma vez um homossexual foi barbaramente agredido neste território infestado de neonazistas homofóbicos.
Desta vez a vítima foi o jovem Guilherme Rodrigues, de 23 anos, ativista do movimento LGBT, militante político, professor de inglês e estudante de letras, que foi agredido por quatro rapazes em um posto de combustível na esquina da Rua Augusta com a Rua Peixoto Gomide.
“Eu vi que eles iriam agredir um casal homossexual e parei para ver o que iria acontecer. Não falei nada e nem tive qualquer reação. Eles me viram e vieram na minha direção. Me deram cabeçadas, me agrediram. Só pararam quando os funcionários do posto interferiram”, disse a vítima.
Ainda de acordo com Guilherme, os bandidos continuaram o ameaçando, mesmo depois que um carro da polícia parou para conter as agressões. Apesar disso, após tomar conhecimento da intenção da vítima de fazer um boletim de ocorrência, uma policial tentou convencê-lo do contrário. “Ela tentou me dissuadir de fazer o boletim. Ela disse que depois que fôssemos liberados, eu e os quatro que me agrediram, seria cada um por si”, contou. Isso mostra bem o despreparo da polícia, no que diz respeito a esse tipo de violência.
Já na delegacia, a mesma policial, de acordo com Rodrigues, afirmou aos funcionários do plantão que os quatro agressores também iriam registrar um boletim de ocorrência. “Ela disse que eu dei em cima deles e que eles também teriam direito de fazer um boletim. Só mudaram de ideia quando um funcionário do posto testemunhou a meu favor”, disse. Os quatro rapazes foram indiciados por injúria, ameaça e lesão corporal. Nesse ponto é evidente a tentativa da policial em desacreditar a vítima.
Segundo o delegado do 4º Distrito Policial, Paulo Tucci, o rapaz de 23 anos foi chamado de “viado” e levou um soco no rosto, próximo a boca. De acordo com Tucci, por se tratar de um crime “de menor potencial ofensivo”(?), o caso será encaminhado para o Juizado Especial Criminal.
Assim como todos nós, Guilherme vê o medo tomar conta de uma das regiões mais famosas de São Paulo. “Há um mês participei de um protesto contra a violência que os homossexuais vêm sofrendo na região. E agora eu fui vítima desta mesma violência. Moro ali perto e agora tive de sair da minha casa e ir morar com um amigo. E eu que fui o agredido”, disse.
Os agressores são: William Hoffman da Silva, estudante; Vinícius Siqueli de Paula, operador de telemarketing; Daniel Moura Fragozo, estudante; e Milton Luiz Santo André, estudante.
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