Michael Pinto dos Santos |
O meio de rede do Vôlei Futuro, Michael (Michael Pinto dos Santos), foi vítima de manifestações homofóbicas por parte da torcida do Time do Sada-Cruzeiro, pelas semifinais da superliga masculina, na última sexta, em Contagem-MG.
"Nunca me senti tão constrangido como desta vez, quase 3 mil pessoas, inclusive mulheres e crianças, ficavam me chamando de bicha, de gay", disse o jogador após a partida. A direção do Vôlei Futuro disse que enviará nesta segunda-feira a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) protesto formal pelo ocorrido. Imagens de vídeo serão anexadas ao protesto que, segundo a direção, comprovam a postura hostil da torcida mineira além de outras "desordens" com que a equipe do Cruzeiro teria compactuado.
A diretora e advogada da equipe paulista, Marcela Constantino, também tentará retirar o mando de campo da Sada-Cruzeiro por conta dos fatos ocorridos, "é absurdo tudo o que aconteceu, o número de torcedores excedeu (o que o ginásio suporta) e tinha gente no alambrado, em volta da quadra, pressionando nosso time...os seguranças estavam bêbados e alguns, inclusive, tentaram impedir a nossa entrada no vestiário; acabei sendo empurrada por um segurança que estava bêbado também", disse Marcela.
Michael também afirmou que pretende processar o clube de MG. Já a equipe mineira diz desconhecer o ocorrido.
É lamentável que uma pessoa seja julgada, condenada e ofendida, por conta de sua orientação sexual e afetiva, até porque, isso em nada interfere nos aspectos técnicos nem em sua postura como profissional.
Michael, em entrevista ao site do Globo Esporte, assumiu sua homossexualidade, leia a entrevista abaixo:
"O que aconteceu exatamente em Contagem? Já tinha passado por uma situação semelhante antes?
- No jogo em Contagem teve uma manifestação da torcida gritando “bicha”, “gay”, todas essas coisas. Já tinha acontecido casos isolados de algumas pessoas gritarem pelo clima do jogo. Mas nem escuto, deixo passar porque é ignorância. Mas foi um coro, senhoras, crianças e mulheres gritando, já num clima preconceituoso mesmo. Hoje resolvi falar para que isso não aconteça mais, não só comigo, caso futuramente eu vá lá jogar de novo, se tivermos o terceiro jogo (pelas semifinais da Superliga). Igual lá, nunca aconteceu. Até por isso que resolvi falar, fazer uma manifestação.
- No jogo em Contagem teve uma manifestação da torcida gritando “bicha”, “gay”, todas essas coisas. Já tinha acontecido casos isolados de algumas pessoas gritarem pelo clima do jogo. Mas nem escuto, deixo passar porque é ignorância. Mas foi um coro, senhoras, crianças e mulheres gritando, já num clima preconceituoso mesmo. Hoje resolvi falar para que isso não aconteça mais, não só comigo, caso futuramente eu vá lá jogar de novo, se tivermos o terceiro jogo (pelas semifinais da Superliga). Igual lá, nunca aconteceu. Até por isso que resolvi falar, fazer uma manifestação.
Você acredita que esse episódio atrapalhou o seu rendimento em quadra? Te desconcentrou?
- Desconcentrar não me desconcentrou, mas a situação me deixou constrangido. Pensei sobre o que estava acontecendo. Eu nem olhava para a torcida. Quem me vê jogando sabe que eu nem olho. Foi uma manifestação por causa do meu jeito. Mesmo depois de me xingarem, não bati boca com ninguém, fui direto para o vestiário, poderia ter retribuído, mas não fiz.
A comissão técnica e os outros jogadores falaram com você sobre isso após o jogo? Ou você externou isso?
- No vestiário falei que estava chateado. Os dirigentes vieram falar comigo também. Estavam escandalizados. Todo mundo ficou preocupado com o que eu estava sentindo. Lógico que não estava feliz.
Você tem algum problema em falar sobre a sua opção sexual (sic) ?
- Sou gay, mas isso não precisa ser comentado. Todo mundo aqui sabe. Lógico que nunca cheguei a assumir. Eu sou o Michael. Todo mundo sabe quem eu sou. Eles me respeitam totalmente no time. Não só aqui, mas nos 10 anos que joguei no São Bernardo. Todos os times me trataram bem.
Podemos publicar isso? Que você é mesmo gay?
- Sim. Nunca cheguei e falei “sou gay” porque não tem necessidade. Todo mundo sabe. Não tenho necessidade de sair divulgando.
- No vestiário falei que estava chateado. Os dirigentes vieram falar comigo também. Estavam escandalizados. Todo mundo ficou preocupado com o que eu estava sentindo. Lógico que não estava feliz.
Você tem algum problema em falar sobre a sua opção sexual (sic) ?
- Sou gay, mas isso não precisa ser comentado. Todo mundo aqui sabe. Lógico que nunca cheguei a assumir. Eu sou o Michael. Todo mundo sabe quem eu sou. Eles me respeitam totalmente no time. Não só aqui, mas nos 10 anos que joguei no São Bernardo. Todos os times me trataram bem.
Podemos publicar isso? Que você é mesmo gay?
- Sim. Nunca cheguei e falei “sou gay” porque não tem necessidade. Todo mundo sabe. Não tenho necessidade de sair divulgando.
Você tem medo que, de alguma forma, suas declarações tenham efeito contrário e aumentem mais ainda o clima hostil para a próxima partida e futuros jogos em Minas?
- Se tiver um efeito reverso, pelo menos estou fazendo algo para mudar. Pelo menos não me calei diante dessa situação. Não gostei do que houve comigo e não gostaria que acontecesse com ninguém. Muita gente ficou sensibilizada e veio falar comigo.
O Vôlei Futuro está tomando providências jurídicas?
- Não sei como vai ser feito, nem perguntei direito. Mas o clube vai me informar quando estiver tudo resolvido.
Sobre as reclamações do clube sobre segurança, superlotação, segurança bêbado: você viu isso?
- Eu fui direto para o vestiário e não prestei muita atenção, mas realmente parecia que tinha uma superlotação.
E como está sua preparação para o jogo de sábado? Está conseguindo se concentrar ou ficou abalado?
- Estou bem. Estamos treinando direto com o time forte. Muita gente que acompanha o vôlei está dando o maior apoio. Realmente fiquei assustado com a situação. Uma coisa é torcida, outra é uma aglomeração te xingando, apontando o dedo. Abalado não estou. Como atleta tenho que enfrentar, lidar com isso."
- Se tiver um efeito reverso, pelo menos estou fazendo algo para mudar. Pelo menos não me calei diante dessa situação. Não gostei do que houve comigo e não gostaria que acontecesse com ninguém. Muita gente ficou sensibilizada e veio falar comigo.
O Vôlei Futuro está tomando providências jurídicas?
- Não sei como vai ser feito, nem perguntei direito. Mas o clube vai me informar quando estiver tudo resolvido.
Sobre as reclamações do clube sobre segurança, superlotação, segurança bêbado: você viu isso?
- Eu fui direto para o vestiário e não prestei muita atenção, mas realmente parecia que tinha uma superlotação.
E como está sua preparação para o jogo de sábado? Está conseguindo se concentrar ou ficou abalado?
- Estou bem. Estamos treinando direto com o time forte. Muita gente que acompanha o vôlei está dando o maior apoio. Realmente fiquei assustado com a situação. Uma coisa é torcida, outra é uma aglomeração te xingando, apontando o dedo. Abalado não estou. Como atleta tenho que enfrentar, lidar com isso."
Fonte da entrevista: Globo Esporte
Também lamentável o fato da entrevistadora, Helena Rebello, mencionar "opção sexual". Desde quando sexualidade é escolha?
É realmente absurda a liberdade que muitas pessoas acham que têm de humilhar alguém com base na sua orientação sexual. Tomara que as punições dadas àquele clube e à sua torcida preconceituosa seja exemplares.
ResponderExcluirIsso só mostra claramente que a população brasileira não aceita o estilo de vida homossexual. Ao invés de criarem leis para fazer a maioria se calar, porque não conquistar o respeito das massas como alguns o fazem? Essas leis que estão sendo discutidas, não mudarão a cabeça das pessoas.
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