Assessora da Casa Branca, Valerie Jarrett, pede desculpas por chamar a homossexualidade de "estilo de vida".

A assessora  da Casa Branca, Valerie Jarrett, pediu desculpas a comunidade gay nesta quinta-feira, depois que ela se referiu a homossexualidade como uma "opção de vida", durante uma discussão sobre a recente onda de suicídios de adolescentes. "Eu quero dizer que não tenho nenhum preconceito para com a comunidade LGBT, e peço desculpas a qualquer um, que tenha se sentido ofendido com a minha má escolha de palavras", disse Jarrett numa declaração escrita.

A assessora e confidente de Barack Obama, fez o comentário em uma entrevista quarta-feira para o The Washington Post. Ela estava falando de um discurso que havia entregue no sábado a Human Rights Campaign, um grupo de direitos dos homossexuais, sobre os adolescentes que haviam se matado, depois de terem sido humilhados e maltratados por sua orientação sexual.

Ao elogiar os pais de um adolescente que havia se suicidado em Minnesota, ela disse: "Estas pessoas são boas. Eles estavam cientes de que seu filho era gay, mesmo assim eles o abraçaram, porque o amavam e porque apoiaram a sua opção de vida. Mas ainda assim, quando ele saiu de casa e foi para a escola, foi ofendido e torturado por seus colegas."

A blogosfera americana logo identificou e condenou a expressão "opção de vida", imediatamente se manifestaram dizendo que a homossexualidade não é um comportamento aprendido, ou uma escolha. Michael Petrelis, blogueiro que defende a causa gay, repreendeu Jarrett por usar a "frase detestável", classificando a sua escolha de palavras como um "ultraje".

Quase todos leitores deixaram comentários anexos a entrevista de Jarrett, criticando-a por usar o termo.

Jarrett explicou nesta quinta-feira que ela simplesmente "não se expressou corretamente".

"A orientação sexual e identidade de gênero não são uma escolha, e quem conhece a mim e o meu trabalho ao longo dos anos, sabe que eu sou uma firme defensora dos direitos dos LGBT norte-americanos", disse ela. "Acima de tudo, espero que isso não nos distraia da questão sobre a decisão, desesperada e trágica, de alguns jovens que sentem que a única solução é dar um fim as suas próprias vidas, isso porque estão sendo intimidados ou assediados porque são gays, ou porque os outros acreditam que eles sejam gays. Devemos incutir nos jovens o respeito pelo outro, e nós devemos dar o exemplo de respeito mútuo e civilidade para criar um ambiente que seja seguro para todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual ou sua identidade de gênero".

Claro que a "má escolha de palavras" de Jarrett deve ser condenada, mas acima de tudo, a que se louvar o seu esforço e agilidade em vir a público pedir desculpas. Também não podemos jogar no lixo, todo o seu histórico em prol dos direitos das pessoas LGBTs, por causa de uma declaração infeliz. Atitudes como essa da assessora, demonstram firmeza e dignidade.

Ao contrário do que acontece por aqui, uma má escolha de palavras como essa de Jarrett, causou um burburinho só por lá. A gritaria foi geral e logo logo a assessora tratou de se desculpar. Enquanto isso por aqui, essa "má escolha de palavras", é utilizada todos os dias por jornais, revistas, apresentadores, celebridades e toda a sorte de formadores de opinião, sem que ninguém, ou poucos, se encarreguem de ao menos tentar corrigi-los. Essa disparidade é sintomática, mostra bem o grau de ignorância de nossa mídia.

É interessante pensar nessa questão da escolha, como pode alguém imaginar que nós temos o poder de escolher a nossa sexualidade, como assim?

As pessoas não escolhem sua orientação sexual, é uma parte inerente da própria sexualidade. Se você não concorda, pergunte-se quando e como você optou por se sentir atraído por quem quer que seja, e o critério específico que você usou para tal escolha. Nós não podemos controlar nossa orientação sexual, podemos no máximo, escolher nossos parceiros sexuais e de que forma vamos manifestar nossa sexualidade, mas não podemos direcionar nossos desejos. Essa ideia de escolha é tão estapafúrdia quanto ridícula.

Comentários

  1. quem somente obedece a instintos é animal... o ser humano pode até ser influenciado por seus instintos, mas no final quem manda é ele. Por isso faz sentido classificar a orientação sexual como ESCOLHA sim.
    Não estou dizendo que uma escolha é melhor ou pior que outra, isso depende muito do contexto cultural onde vc está inserido, mas mesmo assim é uma escolha

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  2. Júlio, mas uma vez parabéns! Super claro, didático, o último parágrafo: "As pessoas não escolhem sua orientação sexual, é uma parte inerente da própria sexualidade. Se você não concorda, pergunte-se quando e como você optou por se sentir atraído por quem quer que seja, e o critério específico que você usou para tal escolha. Nós não podemos controlar nossa orientação sexual, podemos no máximo, escolher nossos parceiros sexuais e de que forma vamos manifestar nossa sexualidade, mas não podemos direcionar nossos desejos. Essa ideia de escolha é tão estapafúrdia quanto ridícula." é exemplar e se você me permitir vou usá-lo quando alguém insistir dizendo que sexualidade é opção ou escolha.
    Ed.

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    1. Claro que pode Ednilson, e fico muito honrado pelos seus elogios. Um grande e forte abraço!

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