Adoção por casais gays, por que não?

Por: Julio Marinho

Um estudo do sociólogo Michael Rosenfeld, que é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Stanford, publicado em agosto desse ano na revista Demography, sobre famílias formadas por pessoas do mesmo sexo, utilizou dados do último Censo dos EUA para fornecer informações importantes para um campo escasso de pesquisas, ou seja, os impactos escolares causados em crianças e adolescentes adotados por pais do mesmo sexo. O estudo mostrou que os dois grupos de crianças têm essencialmente o mesmo nível de sucesso escolar.

A pesquisa de Rosenfeld ajuda a enfrentar a falta de evidências sobre os efeitos da paternidade do mesmo sexo, além de ser um argumento a favor do casamento gay e da adoção por esses casais.

"Ao ler as decisões judiciais sobre o casamento homossexual, eu vi que fundamentalmente, havia uma falta de investigações empíricas sobre o impacto causado nas crianças criadas por casais do mesmo sexo", disse Rosenfeld.

As pesquisas que existiam antes do estudo de Rosenfeld, muitas vezes eram derivadas de um tamanho pequeno de amostragem e faltava legitimidade representativa, o que já não acontece com a atual pesquisa do sociólogo. "O problema era que as pessoas que se opunham ao casamento de mesmo sexo, argumentavam que toda a literatura empírica sobre casais do mesmo sexo e seus filhos não valiam muito, porque nós não tínhamos um estudo representativamente real ... e como poderíamos aprovar esta mudança social, se nós não sabíamos quais seriam as implicações? " Disse Rosenfeld. Pois é, acontece que agora podem.

Dessa forma cai por terra o argumento falacioso de que crianças adotadas por casais do mesmo sexo, teriam algum tipo de problema no desempenho escolar. Evidentemente que a questão do bullying não estará resolvida, mas afinal de contas, o que devemos combater, o bullying, o preconceito e a intolerância, ou o gesto afetuoso de pessoas que só querem ajudar? Será que realmente é melhor deixar essas crianças jogadas em instituições precárias, ou permitir que elas sejam adotadas por pessoas que podem lhes proporcionar uma vida melhor? O fato dessas adoções serem feitas por pessoas do mesmo sexo garante algum tipo de sucesso? Obviamente que não, mas essas dúvidas também não teremos nos casos dos casais heterossexuais?

Outro argumento igualmente idiota, é que crianças criadas por casais gays "virariam" gays, pois, seriam influenciados pelo "estilo de vida" de seus pais adotivos, ora pois, seguindo essa "lógica", pessoas criadas por casais heterossexuais deveriam ser igualmente heterossexuais, ou não? E se assim o fosse, como explicar a maioria dos homossexuais que são criados por casais heterossexuais? 

Eu acho que ao invés de ficarem procurando desculpas para impedir que essas crianças tenham um futuro melhor, os críticos deveriam se espelhar em exemplos que realmente valem a pena, como esse que vem de Cascavel no Paraná e foi publicado no Portal Terra, leia abaixo: 

"A Vara da Infância e Juventude de Cascavel, a 503 Km de Curitiba, na região oeste do Paraná, autorizou a adoção de uma criança de 8 anos com paralisia cerebral por um casal de homens que vivem juntos há 12 anos. A decisão aconteceu no dia 26 de julho, mas foi divulgada somente nesta quarta-feira. A autorização´é irreversível, de acordo com o juiz Sérgio Luiz Kreuz, que deferiu o pedido de adoção.
O caso foi diferenciado pela história que um dos homens já tinha com a criança, segundo a Justiça. O menor foi parar em um abrigo na cidade porque não recebia o tratamento adequado por parte de sua família. Por causa de suas necessidades especiais, no entanto, ele não poderia ficar no local e a solução encontrada foi a guarda subsidiada, um programa municipal que fornece ajuda de custo a famílias que adotam. 
Durante dois anos, um dos homens do casal foi o pai adotivo da criança e, neste período, ela foi destituída de sua família. O menor, então, foi colocada para adoção, mas nenhum interessado na guarda se manifestou. Inicialmente, o casal homossexual não se propôs a adotá-la para não gerar polêmica.
O juiz, entretanto, conversou com o casal e afirmou que estava comprovada a relação de afeto entre os dois e a criança. Os homens decidiram, então, fazer a adoção, que foi oficializada pelo casal, e não apenas por um deles, como na guarda subsidiada."

Comentários

  1. Conhece esses doidos? Muito legal: http://www.gaddydaddy.blogspot.com

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  2. Ainda não, mas vou lá dar uma olhada. Bjs queridos!

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  3. Não, a criança precisa de um exemplo materno e um paterno...

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    1. Não precisam não, uma criança tem referência tanto masculina como feminina em vários locais, como escola, casa dos avós, dos tios, dos primos. A maioria das crianças no Brasil são filhos de pais solteiros ou separados, são criados por apenas um dos pais, e isso não é fator que, por si só, prejudica o desenvolvimento cognitivo ou emocional de uma criança.

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  4. Sou extremamente a favor do casamento gay, uma vez que isto não prejudica a vida de ninguem. Agora expor crianças as consequências da discriminação e de todas as outras que envolvem o homossesualismo, se trata de um egoísmo sem precedentes, é totalmente abominável quando se trata de jogar este peso nas costas de uma criança.

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    1. E você acha que temos que ir contra a vontade de um casal de tirar uma criança de uma instituição, ou ir contra a discriminação e o preconceito? A mesma coisa, vamos impedir de casais brancos adotarem crianças negra para que as crianças negras não sofram discriminação na escola? Vamos impedir que os casais adotem crianças gordas pq elas sofrem bulling? Vamos impedir as crianças miopes de usarem óculos para não receberem apelidos incômodos? Fala sério, não são as adoções que devem parar e sim o preconceito.

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