Os LGBTs e a violência doméstica

Por: Julio Marinho

Violência Doméstica contra LGBTs

Assim como as mulheres heterossexuais, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros também sofrem abuso doméstico, entretanto, existem poucas instituições que dão apoio e/ou aconselhamento a essa população.

Apesar de cidadãos LGBTs também sofrerem com os abusos domésticos, a realidade de violência no relacionamento é raramente discutida.  Essas pessoas relutam em procurar ajuda da polícia por medo do tratamento que, na maioria esmagadora das vezes, é preconceituoso. Além disso, muitos são  incapazes de voltar para suas famílias ou amigos por falta de apoio, já que eles não estão em conformidade com o "padrão" de sexualidade imposto pela sociedade. Isso pode deixar os LGBTs, que sofrem de violência doméstica, especialmente isolados e em especial risco de sofrer novos abusos.

De um modo geral o abuso é semelhante aquele experimentado por mulheres heterossexuais: bullying emocional, agressão física, ameaças à vítima ou a outros entes queridos, isolamento social, controle das finanças e ciúme extremo. Há fatores adicionais que podem estar presentes na violência contra LGBTs por seus parceiros, e que não são encontrados em relações heterossexuais. O abusador pode ameaçar revelar a orientação sexual da vítima para amigos, familiares, comunidades religiosas, co-trabalhadores, e outros. Se a vítima for HIV+, existe também a possibilidade de o agressor ameaçar tornar essa condição pública, ou dificultar e impossibilitar o acesso ao tratamento. O abusador pode usar o fato de que muitos LGBTs não têm apoio, seja de sua família e/ou de seus amigos como argumento para pressionar, tornando ainda mais frágil a situação da vítima.

Pode ser muito difícil para um LGBT, vítima de violência doméstica, procurar ajuda. Simplesmente por ele não querer ou não poder revelar a sua orientação sexual para a polícia, ou outras organizações. Isso graças a homofobia e transfobia ainda tão presentes na nossa sociedade. Os LGBTs vítimas de violência de seus parceiros podem estar preocupados também em não dar aos relacionamentos homossexuais uma "má fama", já que existe uma visão, em geral deturpada, dessas relações. Sendo assim, se recusam a falar sobre o abuso de que são vítimas. 

Geralmente quando as pessoas procuram ajuda, a polícia e outras instituições abordam a situação como uma briga entre dois homens ou duas mulheres, ao invés de um típico caso de violência doméstica. Culpa da falta de informação e do preconceito.

Além da polícia, que nem sempre entende a dinâmica da violência doméstica contra LGBTs, existem organizações que podem ajudar.  A maioria das organizações que dão apoio à mulheres, apoiará todas as mulheres em situação de violência doméstica, independentemente da sua orientação sexual, ou pelo menos, é isso que se espera.  Há organizações nos EUA e no Reino Unido que dão apoio aos homens que são vítimas de violência doméstica, muito diferente da nossa realidade, mas enfim, vale como informação. Mesmo assim, existem muitas ONGs que dão apoio aos LGBTs, provavelmente nessas instituições há de se encontrar algum tipo de orientação para esses casos. 

Continuar em um relacionamento emocional e/ou fisicamente violento, pode ser extremamente perigoso. É importante tentar obter ajuda e fazer um planejamento para se livrar do parceiro abusivo, obviamente, da maneira mais segura possível.

Se você estiver enfrentando esse tipo de violência, não sofra em silêncio. Entre em contato com uma organização local de mulheres ou um centro de ajuda da comunidade LGBT, e procure por algum tipo de aconselhamento sobre suas opções.  Ninguém merece abusos e violência em um relacionamento. Diga não a violência!




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