Homossexualidade em Foco

Por: Julio Marinho


Nessa semana teremos dois veículos de comunicação de grande massa, discutindo a homossexualidade. Primeiro a revista Veja, na sua edição semanal, depois a Rede Globo, através do Profissão Repórter dessa terça-feira. Isso é um grande avanço, em se tratando da mídia brasileira, já que, até bem pouco tempo atrás homossexuais somente apareciam na Globo, por exemplo, em novelas e de forma caricata. 

Claro que o assunto será abordado de maneira bem superficial, mas não podemos esperar mais que isso, até porque, o povão não consegue ou tem preguiça, de assimilar grande quantidade de informação.

A Revista Veja abordará a questão da juventude e sua maior capacidade de tolerância, já o Profissão Repórter mostrará mais as relações familiares. Um trecho da reportagem da Veja me chamou a atenção, "Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar")." Isso mostra o quanto essa nova geração esta alienada, por um lado não conseguem enxergar que, é graças a essa militância, que eles nem dão importância, que hoje eles podem vir a público e contar suas experiências, por outro lado, não conseguem ver que toda essa tolerância, foi conquistada com muita luta e mobilização. Já vi muita gente dessa e até da própria geração passada, renegar a militância, como se ela fosse antiquada e cafona. Até famosos com a Ana Carolina e mais recentemente o cantor Netinho, se disseram contrários a militância, ora bolas, será que sem os homossexuais que se uniram, lutaram e mostraram a sociedade que ser gay é ser normal, eles teriam espaço e coragem de "sair do armário"?

Não haveriam conquistas, se não houvessem lutas. Hoje não teríamos nem a metade da liberdade que temos, se não fossem aqueles que de certa forma, deram "a cara a tapa". Mas tudo bem, tenho certeza que as pessoas, que foram e ainda vão a luta, não estavam mesmo esperando esse reconhecimento, os verdadeiros heróis buscam vitórias, não fama e glória. Seria pedir demais que esses jovens soubessem quem foi Herbert Daniel, só para citar um exemplo, mas tudo bem, pelo menos eles podem e poderão curtir de uma liberdade que muitos não tiveram.

Acho a abordagem do Profissão Repórter mais valiosa, penso que as relações familiares devem ser o primeiro foco de debate, já que é ali onde tudo começa. Se um homossexual puder contar com o apoio de sua família, ele invariavelmente terá mais condições psicológicas para enfrentar os possíveis problemas que virão. Essa talvez seja a grande diferença entre o preconceito de raça e o preconceito por orientação sexual, no primeiro caso as vítimas de preconceito racial, tem o apoio de suas famílias, já no caso dos homossexuais, eles além de sofrerem com a intolerância das ruas, quando chegam em casa, não tem nem mesmo o apoio daqueles, que teoricamente, o deveriam proteger. Ainda tem gente que diz eu os homossexuais querem demais, como se o direito a vida e a liberdade, fosse um luxo dado somente a heterossexuais.

Segue abaixo os links das reportagens:

Veja

Globo