Senado americano veta debate sobre tabu homossexual nas Forças Armadas

Terça-feira (21/09/2010), o Senado americano decidiu, indefinidamente, não abrir os debates sobre a lei que proíbe aos homossexuais militares das Forças Armadas, de revelar sua orientação sexual.  A norma "Don't ask, don't tell" ("Não pergunte, não diga"), foi adotada no governo Clinton em 1993. A norma é bem simples; as Forças Armadas não perguntam e, em contra partida, os militares não falam sobre sua orientação sexual, sob a pena, é claro, de serem expulsos. Isso nada mais é do que o reforço do velho conceito de que, gays podem existir, desde que se escondam, desde que vivam na clandestinidade. Para os políticos e militares, nesse caso, a mentira é a melhor alternativa. Talvez por não conseguirem conviver com a realidade, ou com o fato, de que homossexuais são tão ou mais capazes de que qualquer outra pessoa, isso pelo simples fato de serem como qualquer outra pessoa, e que a sexualidade em nada interfere na competência profissional de ninguém, simples assim.

Bem, para que o debate fosse aprovado, eram necessários 60 votos, mas houveram apenas 56. A própria Casa Branca se disse decepcionada com a não abertura do debate. "Estamos decepcionados de não podermos avançar neste texto, mas continuaremos tentando", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em entrevista coletiva.

Mesmo diante do esmagador apoio da opinião pública americana, os legisladores decidiram não abrir o debate. Parece prática comum, os políticos irem de encontro a vontade do povo, tanto lá como cá.

São 14 mil militares especializados que podem simplesmente serem forçados a sair, graças a norma vigente e isso seria um duro golpe na segurança nacional americana. O maior absurdo está justamente ai, o cara é um profissional exemplar, competente, muitas vezes, condecorado, mas derrepente, tudo isso cai por terra graças a sua sexualidade. Como assim? A sexualidade, até então, não atrapalhava em nada, mas basta que ela seja revelada para passar a atrapalhar? Realmente isso é a glorificação da mentira.

Uma pesquisa no Pentágono demonstrou que a maioria dos fuzileiros americanos, é contrária a suspensão do veto. Preferem, obviamente, trabalhar com mentirosos. Chega a ser engraçado, isso acontece em todos os setores e em todo o mundo, ou seja, o cara trabalha com uma pessoa, o admira pelo seu profissionalismo, por sua competência, o trata como colega, muitas vezes até tem uma relação pessoal fora do trabalho, mas pelo simples fato de conhecer sua orientação sexual, tudo muda, o tal colega passa a ser o objeto de ódio e desprezo dos homofóbicos de plantão. Mais hipocrisia que isso impossível!



Na segunda-feira, a estrela pop americana Lady Gaga usou de todo seu prestígio para tentar fazer com que o debate fosse aprovado. Lady Gaga que se diz bissexual e é um ídolo da comunidade gay, pediu aos senadores que votassem a favor da revogação da norma. "Estou aqui porque 'Don't Ask, Don't Tell' é ruim, é injusta, e acima de tudo contraria tudo que nos identifica como americanos", disse Lady Gaga em um parque de Portland, no Maine. "O verdadeiro problema é o soldado heterossexual que odeia o soldado gay. A lei deveria expulsar o homófobo...", disse Gaga. 

Concordo plenamente com Lady Gaga, para o mundo é muito mais fácil permitir que o preconceito, já enraizado e instucionalizado vença, do que tentar combatê-lo.

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